Vale do Rio Doce: companhia “dada” por R$ 3 bi lucra R$ 6 bi só no primeiro semestre deste ano

O mais fantástico retrato do crime de lesa-pátria, representado pelas DOAÇÕES, pode ser medido a partir da sua concretização no desgoverno FHC. (E a estranha e espantosa manutenção pelo que se presumia ser o governo Lula). Mas em números irrefutáveis, basta um exemplo que se transforma na grande vergonha nacional: o balanço do primeiro semestre da Vale do Rio Doce. Foi a mais contestada das DOAÇÕES, já que FHC não pôde entregar a Petrobras.
Essa Vale PRIVATIZADA apresenta no primeiro semestre de 2006 lucro de 6 BILHÕES. Foi DOADA por 3 BILHÕES. Além do mais, sem trazerem (APORTAREM, como gostam de dizer os economistas amestrados) um real que fosse ou um dólar furado, como no western famoso.
Todo o necessário e indispensável para que a “livre iniciativa” se instalasse como dona e senhora do patrimônio nacional veio do poderoso e riquíssimo BNDES. (Esse mesmo riquíssimo e poderoso BNDES que se recusou a ajudar a Varig a sair da falência. Poderia ter sido salva uma empresa símbolo do Brasil, e garantido o emprego de 8 mil e 500 funcionários que não sabem o que irão fazer).
E não se diga, como muitos na certa dirão: esses resultados da Vale representam o equilíbrio e o sucesso de empresas privadas, ao contrário do que acontece com empresas estatais. Isso é, naturalmente, o estertor dos que não acreditam em nada, a não ser nos seus próprios interesses. A estatal não é obrigatoriamente mal administrada, nem necessariamente destinada ao fracasso.
Nem quero citar a Petrobras, exemplo de sucesso, de competência, de desenvolvimento, progresso e prosperidade. Apesar de na sua história ter tido vários presidentes corruptos e desonestos, não só na própria Petrobras, mas também na importantíssima BR-Distribuidora, tão poderosa quanto a empresa-mãe. Renó e Galvão ficaram com as duas.
A começar por Shigeaki Ueki, padrão de enriquecimento ilícito e de corrupção explícita e implícita, não sei quem poderia excluir desse festival de roubalheiras. Na certa um deles, talvez 2 ou 3.
Mas estão aí Furnas (salva da DOAÇÃO pelo esforço do seu presidente de então, ministro Luiz Carlos Santos, padrão de dignidade mantido por José Pedro Rodrigues, presidente de agora), a Itaipu-Binacional e dezenas de outras. Essas DOAÇÕES de FHC mantidas por Lula se espalharam pelos estados. E governadores sem a menor credibilidade DOARAM tudo, hoje as multinacionais controlam o País.
Para que não desmoralizem a empresa estatal, mostremos apenas os resultados dos 2 últimos anos antes da amaldiçoada DOAÇÃO. Penúltimo ano: exportação de 1 BILHÃO e 300 MILHÕES de dólares. E naquele tempo o dólar estava lá no alto. No último ano antes de sumir da mapa estatal: exportação de 1 BILHÃO e 600 MILHÕES de dólares.
Isso prova que a Vale estava em ascensão, era tida e havida como uma das maiores mineradoras do mundo. Muitos colocavam a Vale no lugar mais alto entre todas. Como se chama isso, a DOAÇÃO de uma empresa não recebendo coisa alguma? CRIME HEDIONDO? Traição? Governantes Silvérios dos Reis, como dizia magistralmente Barbosa Lima Sobrinho? Eu e ele lutamos do primeiro ao último instante, fomos derrotados, sabíamos que isso aconteceria.
Um dia a Vale voltará a ser nossa, não sei quando. Mas faz parte do enriquecimento, desenvolvimento e do espetáculo do crescimento. As empresas privadas têm seu espaço e seu lugar. Mas precisam correr riscos. Eles mesmos apregoam: “No capitalismo, nada é de graça”.

PS – A Merrill Lynch foi a grande articuladora e aproveitadora dessa DOAÇÃO. E continua intervindo no Brasil, “avaliando” o que chamam de “risco Brasil”. Que República.

Fonte: Tribuna da Imprensa (Helio Fernandes)