GilmAR MENDES diz que defende reajuste, mas desaprova greve

O presidente do STF, Gilmar Mendes, expõe brilhantemente as contradições da situação em que colocou o Judiciário Federal ao engavetar o projeto de reajuste dos servidores (se é que contradições brilham). Em matéria publicada no site do CNJ , ele diz: “É o tipo de greve que conta com o meu apoio do ponto de vista da pretensão. Concordo com a reivindicação”.

O Ministro afirma textualmente que “apóia a greve”. Logo em seguida, contraditoriamente, afirma: “Não acho compreensível que uma reivindicação salarial sacrifique a população carente que busca na Justiça uma pensão de salário mínimo”, e que considerava este tipo de atitude “um acinte já que os servidores do Judiciário têm uma média salarial de R$ 7 mil”.

Sobre o envio do projeto, diz ele ainda que a iniciativa do projeto de lei é do Supremo, segundo diz a Constituição, acrescentando: “enquanto eu for presidente será assim também. Não serão os sindicatos que vão determinar o momento de encaminhar o projeto de lei ao Congresso Nacional”.

Realmente, ministro. Aliás, os sindicatos não dizem nada pois são apenas instituições que servem de porta-vozes dos trabalhadores. São os servidores do Judiciário em todo o país que foram obrigados a entrar em greve por causa da arrogância do presidente do STF. Gilmar Mendes pode acabar com a greve a qualquer momento, encaminhando ao Congresso o projeto que já foi acordado.

O fato é que o ministro que assim se manifesta é o mesmo que aprofunda cada vez mais a presença da lógica da iniciativa privada dentro do Judiciário, onde a população que ele encena defender é tratada como cliente de serviços judiciários. Foi noticiado recentemente que a Fundação Getulio Vargas venceu licitação de R$ 3,2 milhões realizada pelo CNJ para consultoria na implantação de um modelo de gestão estratégica e controle administrativo do Poder Judiciário.

O CNJ adotará um tal metodologia conhecida como Balanced Scorecard (BSC), criada por Robert Kaplan e David Norton, da Harvard Business School, dos Estados Unidos, usada em organizações com problemas de comunicação e planejamento. É mais um pacotaço de “soluções” gestadas nos Estados Unidos que é comprado sem critérios e sem avaliação crítica pelos administradores com cabeça-de-planilha no lado de cá do mundo.