Ensino brasileiro é o sétimo mais privatizado do mundo

O presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior, Hélgio Trindade, afirmou na última terça-feira, dia 26, que “é preciso superar a lógica da última década, que aprofundou a privatização pela expansão descontrolada do setor particular”. Durante o Seminário Internacional Reforma e Avaliação da Educação Superior, ele traçou um perfil do setor e acrescentou que o novo sistema de avaliação é um dos elementos da Reforma Universitária para conter o crescimento dos cursos sem qualidade.
Segundo Hélgio Trindade, sobretudo nos períodos militar e de redemocratização, houve expansão sem controle ou critérios. “Implantou-se uma liberalização do setor privado a ponto de se criarem, em média, nos últimos oito ou dez anos, cerca de quatro cursos por dia. Hoje, esse setor quer separar o joio do trigo: as instituições comprometidas com sua função educacional das que se expandiram de forma caótica e que precisam de um processo de transformação”, disse.
Atualmente, o Brasil ocupa o sétimo lugar entre as nações do mundo com maior número de instituições de ensino superior privadas e, também, é um dos países da América Latina em que o processo de privatização do ensino superior se deu de forma mais acelerada. Os Estados Unidos ocupam a 20ª posição.
De acordo com o presidente da Conaes, a expansão do ensino superior na Europa ocorreu com mais intensidade no setor público. “Exemplos clássicos estão na Alemanha e na França, que se equiparam aos casos de países como México e Argentina”, afirmou Trindade, ressaltando que mesmo o México estabeleceu em 20% o limite do setor privado na educação superior.
Já o Brasil, o Chile e a Colômbia demonstram uma forte tradição no desenvolvimento do ensino privado. Hélgio Trindade lembrou que, nos últimos 30 anos, o Brasil tornou-se o país da América Latina com uma proporção maior de privatização do ensino superior: apenas 30% das instituições são públicas. Além disso, apenas 9% dos jovens da faixa etária de 18 a 24 anos têm curso superior.
O Seminário Internacional Reforma e Avaliação da Educação Superior foi encerrado quarta-feira, 27, em São Paulo.

Fonte: Folha Dirigida