Com 274 votos, filiação da Fenajufe à CUT é mantida

Um dos momentos mais agitados da plenária final desta terça-feira [30] foi o que discutiu o tema da organização sindical. Em um auditório cheio, o debate rendeu toda a tarde e ainda tomou uma parte da noite, se encerrando por volta das 22h. Nesse período, os delegados votaram as resoluções que apontam os rumos da atuação da Fenajufe nos próximos três anos.

O auge do debate se deu quando os delegados votaram a resolução sobre a filiação da Fenajufe à CUT, aprovando, com 274 votos contra 130, a manutenção da entidade na central. Roberto Ponciano, diretor do Sisejufe-RJ, ao defender a resolução vencedora, lembrou a história da CUT, que reúne hoje mais de 21 milhões de trabalhadores em todo o país. “Estamos inseridos na maior entidade que representa a classe trabalhadora no Brasil. Não podemos desprezar 21 milhões de trabalhadores, que lutam pela redução da jornada de trabalho, pela negociação coletiva no serviço público. A CUT está em todos os ramos da classe trabalhadora”, ressaltou Ponciano, informando que atualmente a Central tem aproximadamente 3.290 entidades filiadas.

Para Marcelo Carlini, delegado da base do Rio Grande do Sul, a Fenajufe precisa se manter cutista para, juntamente com outros setores da classe trabalhadora, lutar contra o assédio moral, o congelamento salarial, o superávit primário e pela redução da jornada de trabalho. “Precisamos desse instrumento para avançarmos nas nossas lutas. Isso só será possível dentro da CUT. Nela é que estão os milhões de trabalhadores desse país”, ressaltou.

O coordenador geral da Fenajufe Roberto Policarpo, ao se contrapor aos argumentos apresentados pelos delegados que defenderam a proposta vencida, informou que os sete sindicatos da base da Fenajufe filiadas à CUT representam mais de 32 mil servidores do Judiciário Federal e do MPU, o que significa um percentual em torno de 54% da base da Federação. Na avaliação do dirigente sindical, a desfiliação deixaria a Fenajufe isolada. “Propomos, junto com a CUT e suas entidades filiadas, uma plataforma dos trabalhadores, que sabem bem onde querem chegar”, concluiu.

A proposta de resolução vencida, apresentada pela diretora do Sintrajud-SP Ana Luiza Figueiredo, defendia que a Fenajufe se desfilie da CUT. “Não podemos continuar nessa Central, que apoia o governo que fez a segunda Reforma Previdência e aprofundou a política de FHC”.

Na avaliação do coordenador da Fenajufe e presidente do Sindijufe-MT, Pedro Aparecido, que também fez a defesa dessa proposta, a CUT se afastou completamente das categorias do funcionalismo público federal. “A CUT não tem uma política definida para os servidores federais. Prova disso é que já saíram várias entidades nacionais, como a Fasubra, a Fenasps, o Andes-SN e o Assibge”, explicou.

Permanecer para fortalecer a luta da categoria
A resolução aprovada explica o histórico de luta da Fenajufe e da CUT. “A Fenajufe e a CUT são, historicamente, oriundas de um movimento da contraposição à estrutura sindical oficial, de afirmação da liberdade sindical e da defesa da democracia de base. A Fenajufe, que já nasceu filiada à maior central sindical da América, sempre pautou sua luta em defesa da valorização do serviço público e do servidor público”, afirma trecho da resolução.

O documento pontua, ainda, várias frentes em defesa dos servidores públicos em que a Fenajufe e a CUT estiveram juntas, ao lado de outras organizações sindicais também cutistas. E ao final, defende que é preciso se manter cutista para fortalecer suas ações em defesa dos servidores do Judiciário Federal e MPU. “A disposição para a luta com olhar propositivo, marca da Fenajufe, é também marca da CUT. Isto fez da CUT e da Fenajufe entidades complementares na organização dos[as] trabalhadores[as] do Poder Judiciário. Propomos, portanto, a manutenção da filiação da Fenajufe à CUT, pelo fortalecimento da luta dos trabalhadores do Judiciário Federal, em unidade com toda a classe trabalhadora brasileira e latino americana, bem como pela valorização do serviço público e pela construção de um mundo mais justo e solidário”, ressalta o final da resolução.

Leonor Costa – De Fortaleza