Nota da Delegação Especial da Palestina no Brasil denuncia uso de novas armas por Israel

Por Marcela Cornelli

Leia abaixo a íntegra da Nota à Imprensa da Delegação Especial da Palestina no Brasil, denunciando novos tipos de armas usadas por Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza:

NOTA A IMPRENSA

Na sexta-feira, dois de abril de 2004, as Forças de Ocupação Israelenses utilizaram dois novos tipos de armas contra civis na Faixa de Gaza.

O primeiro, fragmentou o corpo do sr. Muhamad Ahmad Chahin em pedaços irreconhecíveis. O segundo fez com que o sr. Muhammad Abdel Aziz Mansur fosse levado ao hospital em estado de choque. O exame inicial não revelou qualquer ferimento ou hematoma visível em seu corpo. Todavia, quando os médicos procederam a exames mais minuciosos, descobriram lacerações internas graves nos músculos abdominais do sr. Mansur, no seu fígado, no seu rim esquerdo, no seu cólon e em outros órgãos internos. Visto que tais casos nunca haviam sido registrados antes, os médicos e peritos têm amplos motivos para acreditar que Israel está usando nosso povo como cobaia de testes para novos tipos de armas mortíferas. Nos últimos três anos, Israel vem usando contra a população civil, nos Territórios Palestinos Ocupados, gases que atacam o sistema nervoso, bombas de urânio exaurido, bombas de fragmentação e outros tipos de armas proibidas.

Isso acontece em meio a um sério agravamento da agressão e violações contínuas por parte de Israel nos Territórios Palestinos Ocupados, onde a política em prática é a de matar, assassinar, confiscar terras, devastar os campos e as lavouras, demolir casas, promover prisões em massa e humilhação em numerosos postos de controle militares israelenses. Além disso, centenas de milhares de palestinos estão sendo privados de seus lares e terras, à medida que o Muro que Israel está construindo nos Territórios Palestinos Ocupados cerca os palestinos em guetos isolados e anexa a Israel mais de 58% da área total da Cisjordânia.

A culminação dessa política surgiu na forma de ameaças públicas proferidas pelo primeiro-ministro de Israel contra a vida do presidente Yasser Arafat. Israel, que é um estado membro da ONU está mantendo refém toda uma nação juntamente com seus líderes e seu presidente eleito. Israel, como potência ocupante, comete atrocidades e terrorismo de estado, viola toda e qualquer lei, incluindo suas obrigações relativas à Quarta Convenção de Genebra, enquanto o mundo apenas observa. Ninguém, nos dias de hoje pode alegar desconhecer as realidades que acontecem nos Territórios Palestinos Ocupados.

Na véspera desta santa Páscoa, quando lembramos da Paixão de Jesus Cristo, Nazareno Palestino que pregou a tolerância e a paz, seu povo atura uma tragédia contínua e aparentemente sem fim e agüenta um sofrimento acima daquilo que qualquer ser humano pode suportar.

Está mais do que na hora de a Comunidade Internacional entrar em ação a fim de pôr um termo aos crimes da ocupação em nossa terra atormentada. É hora de Israel, a potência ocupante, ser isolada e punida pela Comunidade Internacional com sanções semelhantes às que derrubaram o regime de Apartheid na África do Sul. É hora também de ser concedido ao povo palestino uma proteção internacional através das Nações Unidas, até o momento em que Israel cumpra as numerosas resoluções das Nações Unidas que exigem o fim da ocupação israelense e a criação de um estado palestino soberano e independente.

Brasília, 8 de abril de 2004.

Fonte: CUT/RJ