Município catarinense próximo do analfabetismo zero

Por Janice Miranda

Dos 5.774 habitantes de São João do Oeste, cidade agrícola do Oeste de Santa Catarina, apenas 38 jovens ou adultos não sabem ler e escrever. São, em geral, idosos, portadores de deficiência e trabalhadores temporários. Segundo pesquisa do IBGE em 2000, o município ostenta o menor índice de analfabetismo do país: 0,9% da população de 15 anos ou mais. A média estadual é de 6,3% e a brasileira, de 13,6%.

De colonização alemã predominantemente católica, o que se ouve nas ruas de São João é um dialeto originado da fusão do alemão com o português. Foram os padres jesuítas, seus fundadores, que iniciaram o processo de escolarização, uma vez que a população precisava ler e escrever para ser evangelizada.

Município que desperta a atenção por apresentar performance que foge aos padrões brasileiros, São João do Oeste, quando o assunto é educação, não pára por aí. Segundo o secretário municipal de Educação Bruno Reichert, 100% das crianças acima de quatro anos estão na escola e a grande maioria da população (80%) conclui o ensino médio. Essa realidade produz outro indicador que foge aos padrões brasileiros: mais de 53% dos habitantes são assinantes de algum jornal ou revista.

Sem mágicas

Quando o tema é erradicação do analfabetismo, Reichert é enfático: “Isso não acontece por toque mágico, é um processo de longo prazo. Programas como o Brasil Alfabetizado são essenciais, mas a transformação vem com a mudança de mentalidade; em São João, o povo exige que haja escolaridade”. Emancipado há 12 anos do município de Itapiranga, do qual era distrito, São João é constituído de pequenas propriedades que produzem leite, suínos e aves. A renda per capita anual dos habitantes da cidade é de R$ 8 mil.

A prefeitura dispõe de um cadastro da população da cidade, prática que teve início com os programas de saúde e educação. Nos poucos casos de pessoas que não sabem ler e escrever, o próximo passo será incluí-las em programas de alfabetização. “Para isso, estamos trabalhando com a associação de Pais e Amigos de Deficientes (Apae) e grupos de Terceira Idade. No caso dos trabalhadores temporários é mais difícil, pois eles não são residentes fixos”, salienta.

Fonte: Diário Vermelho com informações do Ministério da Educação