Expoentes do agronegócio constam da nova “lista suja” do trabalho escravo

Com mais de dois meses de atraso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou oficialmente, nesta segunda-feira (26), a segunda “lista suja” do trabalho escravo – relação com 41 fazendeiros e 8 empresas condenadas em definitivo em instâncias administrativas por prática de trabalho escravo. As pessoas físicas e jurídicas da lista que submeteram 2.300 seres humanos a condições flagrantemente desumanas, promete o MTE, passarão a não ter mais acesso a recursos financeiros de instituições estatais e perderão os direitos a benefícios fiscais ou qualquer tipo de subsídio.

A “lista suja” que relaciona exploradores do trabalho escravo revela pelo menos quatro aspectos peculiares: o envolvimento de “tubarões” do agronegócio, a reincidência marcante, a verificação da chamada “cesta” de crimes e a ligação com o poder político.

Constam da segunda edição da “lista suja” o Grupo Maeda e o fazendeiro José Pupin, dois dos principais produtores de algodão do país. A Maeda S/A Agroindustrial, com seus 15 mil hectares de algodão e 21 mil hectares de soja que se espalham em quatro Estados (Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso), foi autuada e aparece na lista suja por manter 135 trabalhadores em condições análogas à escravidão na Fazenda Guapirama, em Diamanatino, no Mato Grosso. Faturamento do grupo: R$ 200 milhões por ano.

Pupin é dono da Fazenda Marabá, em Campo Verde, também no Mato Grosso. Só nesta única propriedade, deve bater altíssimas marcas de produtividade em 2004 com a colheita de 13 mil toneladas de algodão em 8,6 mil hectares. Pois na mesma Marabá, o grupo móvel de fiscalização do MTE encontrou 56 vítimas de trabalho escravo. Pela força da mão-de-obra de quem já teve o seu suor derramado nas terras da Marabá, Pupin recebe freqüentemente comitivas de compradores internacionais. O Mato Grosso produz quase a metade do algodão brasileiro. Mais da metade segue os caminhos da exportação. Fonte: Agência Carta Maior)