Encontro Sindical reúne cerca de dois mil sindicalistas

Por Marcela Cornelli

O primeiro dia (13/3) do Encontro Nacional Sindical reuniu cerca de 1.800 dirigentes sindicais que representam trabalhadores dos setores públicos e privado de todo o Brasil, em Luziânia (GO). O objetivo do encontro foi fazer uma análise de conjuntura nacional e internacional e criar uma proposta alternativa de reforma sindical do Fórum Nacional do Trabalho (FNT), que reúne as centrais sindicais, governo e empresários e que trarão como principal conseqüência o enfraquecimento dos sindicatos de base, centralização de decisões pelas centrais sindicais e precariedade das relações trabalhistas.

O evento, que na expectativa dos organizadores deveria atrair em torno de 800 participantes, serviu de termômetro da preocupação de trabalhadores de diversas categorias com o rumo dos sindicatos e das relações trabalhistas no Brasil.

A análise de conjuntura nacional foi o primeiro painel da discussão e foi feita pela presidente do Unafisco Sindical, Maria Lucia Fattorelli, e pelo vice-presidente do Andes, José Domingues de Godói Filho. O painel foi apresentado por José Maria, membro da Executiva Nacional da CUT, e um dos principais opositores à postura da central dentro do FNT. “Esta reforma tem o objetivo de desestabilizar o sindicalismo. O que defendemos foi aprovado no próprio congresso da CUT”, lembrou.

Maria Lucia lembrou que a reforma sindical não é uma proposta isolada do governo federal, mas está dentro de um processo internacional que, nos últimos anos, se caracterizou pela transferência de renda do trabalhador para os setores privados. O governo Lula simplesmente continuou a seguir as exigências do Fundo Monetário Internacional, ou seja, de promover as reformas da Previdência, tributária, aprovar a lei de falências, entre outras diretrizes neoliberais. “Nós, do Unafisco, defendemos uma reforma tributária sim, mas outra, que venha a tributar os ricos para financiar o Estado”, destacou ao lembrar que a atual política de ajuste fiscal é suicida: aumento da carga tributária do trabalhador e do consumidor de baixa renda e corte de investimento.

“Vejo com muita preocupação a reforma inserida dentro de um contexto nacional e internacional de transferência de renda do trabalhador para os setores privados. Dentro desses projetos de domínio do capital financeiro, é necessário que se reduza a remuneração do trabalhador e o poder de organização dos servidores”, alertou a presidente do Unafisco.

José Domingues chamou a atenção para o fato de que a continuidade desta política é assegurada pelo PPA. “O PPA que está aí não é diferente dos anteriores. Não podemos permitir que o governo entregue nosso patrimônio, nosso espaço aéreo, nossos recursos naturais”, destacou. Segundo ele, o que se observa nos últimos anos é uma corrida dos países “imperialistas” aos continentes, para controlar os meios de produção e o mundo de trabalho.

Fonte: UNAFISCO