Dirigentes palestinos montam liderança coletiva para substituir Arafat

Por Imprensa

Os dirigentes palestinos mobilizaram-se nesta quinta (11/11) para colocar em funcionamento uma liderança coletiva, impedindo a instalação de um vácuo de poder depois da morte do presidente Yasser Arafat. Dois políticos moderados e um integrante da linha-dura palestina receberam os cargos mais importantes do governo anteriormente exercidos por Arafat.

O líder moderado Mahmoud Abbas foi eleito presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), o principal órgão político da região. Abbas defende o fim dos ataques de militantes e a retomada do processo de paz com Israel quatro anos depois de um levante ter sido lançado na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, territórios ocupados pelo Estado judeu.

Rawhi Fattouh, que preside o Parlamento, ficou com o cargo de presidente interino da Autoridade Palestina, e sua principal missão será organizar eleições dentro de 60 dias.

“Prometemos a nosso povo e a nossa nação seguir o caminho escolhido pelo nosso presidente, mártir, líder e símbolo, Yasser Arafat”, afirmou Fattouh durante uma sessão especial do Conselho Legislativo Palestino, depois de ter sido empossado.

A principal facção política da OLP, a Fatah, elegeu Farouk Kaddoumi, um membro da linha-dura, para chefiá-la. Kaddoumi, o vice de Arafat na facção, rejeitou os acordos de paz interinos selados por Arafat com Israel 10 anos atrás e permaneceu no exílio como forma de protesto. O líder declarou logo após a morte de Arafat que estava aberto a negociações de paz, mas pronto para seguir com a luta armada se o processo de diálogo fracassasse.

O atual primeiro-ministro palestino, Ahmed Korei, outro moderado e também participante das negociações de paz, cuidará da administração da Autoridade Palestina nos assuntos cotidianos. Korei deve conquistar um controle maior sobre os órgãos da área de segurança.

Após o anúncio da morte de Arafat os militantes palestinos atacaram um assentamento judaico na Faixa de Gaza alegando que a ação significava o início de uma nova rodada de confrontos contra Israel. Dois homens armados que lançaram um ataque contra o assentamento de Netzarim foram mortos por soldados israelenses.

Abu Qusai, um porta-voz das Brigadas de Mártires de al-Aqsa, braço armado da facção Fatah, disse que responsabilizava Israel pela morte de Arafat por tê-lo forçado a viver em condições precárias em seu quartel-general em Ramallah, onde ele ficou confinado por mais de dois anos.

Arafat será enterrado na cidade de Ramallah, após um funeral no Cairo marcado para esta sexta, dia 12/11.

Diversos líderes e autoridades mundiais confirmaram presença nas últimas homenagens ao governante palestino. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, representará o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva no funeral de Arafat.

Fonte: Reuters