Categorias reforçam greve depois do ultimato do governo

Por Marcela Cornelli

Um dia após o ultimato dado pelo governo federal — que ameaça retirar a proposta de reajuste diferenciado para as categorias que não aceitarem negociar — aumentou o número de entidades de servidores federais que aderiram à greve e que se preparam para a mobilização nacional a partir da próxima segunda-feira, dia 10. Segundo matéria publicada no jornal O Globo, funcionários das delegacias regionais do Trabalho paralisaram ontem suas atividades. Também cresceu a adesão de servidores do Incra ao movimento e sindicatos estaduais de funcionários da Polícia Federal decidiram que não voltarão ao trabalho.

No Incra, greve já atinge 80% dos servidores
O presidente da Confederação Nacional dos Servidores do Incra, José Vaz Parente, disse ontem que cerca de 80% dos 5.250 servidores da autarquia já estão paralisados. A categoria reivindica reposição salarial de 50,1%, realização de concurso público e reestruturação da carreira nos moldes da dos funcionários do Ibama. Parente acredita que quase a totalidade dos servidores vai estar parada a partir de segunda-feira.

“Quem perde é o Incra e os trabalhadores rurais que estão debaixo de lona. É preciso concurso público e valorização dos servidores para o governo cumprir as s de assentamento previstas no Plano Nacional de Reforma Agrária”, disse ele.

João Torquato dos Santos, da Federação Nacional dos Servidores Federais do Trabalho, da Saúde, Previdência Social e Assistência Social (Fenasps), classificou como provocação o ultimato do governo, anunciado anteontem pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega.

“Vamos manter nossa posição de greve geral a partir de segunda-feira. O governo é que desperdiçou a chance de negociar”, afirmou ele.

Além dos servidores do Incra, estão em greve os auditores fiscais da Receita Federal, os advogados da União e procuradores federais, auditores do Trabalho e servidores do INSS. Na avaliação dos sindicatos do funcionalismo, diversas categorias engrossarão a greve a partir de segunda-feira, como funcionários dos ministérios, docentes, professores e servidores de escolas técnicas federais. O Judiciário e o MPU entrarão a partir do dia 18.

As categorias em greve

SERVIDORES DO INCRA: Entraram em greve há cinco dias. Reivindicam reposição salarial de 50,1%, reestruturação da carreira nos moldes do Ibama e realização de concurso público.

AUDITORES DA RECEITA: Em greve há uma semana, reivindicam reajuste entre 7% e 24% no vencimento base em 2004 e de 14% a 18% em 2005; os aumentos também devem se estender aos aposentados.

ADVOGADOS DA UNIÃO E PROCURADORES FEDERAIS: Em greve há 52 dias. Querem equiparação com salário do Ministério Público Federal e abertura de concurso.

AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO: Em greve desde ontem. Pedem aumento de 40%, mudanças no sistema de pagamento de diárias em viagem e mais segurança nas operações.

AGENTES, ESCRIVÃES E PAPILOSCOPISTAS DA POLÍCIA FEDERAL: Depois de 58 dias de greve, suspenderam o movimento à espera da retomada de negociações. Pedem pagamento de salário básico de nível superior, equivalente a reajustes de até 85%. O governo ofereceu 17%.

SERVIDORES DO INSS: Em greve desde o dia 20 de abril. Reivindicam reajuste de 50,1% e mudanças nos critérios de avaliação de desempenho. Ameaçam entrar em greve a partir do dia 10 de maio: servidores dos ministérios, docentes, professores e servidores de escolas técnicas federais.

Fonte: Fenajufe com informações do O Globo