Arrocho e más condições de trabalho transformam servidores públicos em campeões da greve em 2004, afirma Dieese

Estudo divulgado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-Econômicos (Dieese) mostra que o movimento sindical realizou 302 greves em 2004, em ações que totalizaram uma interrupção das atividades produtivas superior a 23 mil horas.
De acordo com o departamento, a maior parte destas paralisações (61,3%) foi realizada na esfera pública, pelo funcionalismo público estadual, municipal e federal e nas empresas estatais, enquanto 37,7% foram promovidas no setor privado e 1% em ambas as esferas.
No levantamento por horas paradas, o setor público foi responsável por uma proporção ainda maior: 85,4%. Na esfera privada, as horas não trabalhadas representaram 13,4% do total.
Segundo o Dieese, a maior participação dos funcionários públicos nos indicadores de intensidade das greves deve-se, prioritariamente, à natureza das paralisações do setor, que envolvem, na grande maioria, a mobilização de toda a categoria.
“Outra possível causa é o arrocho significativo da remuneração do conjunto dos servidores públicos nos últimos anos. Há ainda o fato de que a pressão exercida pelo desemprego é mais presente na esfera privada”, argumentam os técnicos do Dieese.
O estudo apontou que os movimentos de paralisação realizados em 2004 visaram à obtenção de melhorias salariais e ao aprimoramento das condições de trabalho. O quadro contrastou com as séries observadas durante a segunda metade da década de 90, ao longo das quais a maioria das mobilizações, de caráter defensivo, tinha como objetivo a luta pela manutenção de direitos ou contra o descumprimento de direitos adquiridos.
Quanto à duração das greves, aproximadamente metade delas (47%) chegou ao fim na mesma data em que foram iniciadas. Destas 142 paralisações, 71 foram deflagradas pelos trabalhadores da esfera privada, na qual 62% apresentaram duração máxima de até um dia.
Também em grande parte das paralisações ocorridas nas empresas estatais (67%), a interrupção das atividades não ultrapassou um dia. Entre os funcionários públicos, as paralisações de até 24 horas despontaram com menor freqüência, somando 33% do total registrado. Tiveram duração de três a 10 dias 21% do total; de 11 a 30 dias, 22%; e 18% superaram 30 dias.

Fonte: Tribuna da Imprensa