Vitória de Bush teria levado americano ao suicídio

Por Imprensa

Um morador do estado da Georgia, de 25 anos, aparentemente, cometeu suicídio no Ground Zero – terreno onde antes ficava o World Trade Center. O motivo seria uma profunda frustração com a vitória de George W. Bush nas eleições presidenciais norte-americanas.

O corpo de Andrew Veal foi encontrado na manhã de sábado dentro da área de acesso proibido das antigas torres gêmeas, derrubadas por atentados em 2001, disse Steve Coleman, um porta-voz da Autoridade Portuária de Nova York e Nova Jersey. Uma arma foi encontrada junto ao corpo, mas nenhum bilhete de despedida foi achado.

A mãe de Veal disse que seu filho estava decepcionado com a reeleição de George W. Bush à Casa Branca. Ele trabalhava em um laboratório de informática na Universidade da Georgia e planejava se casar.

“Tenho certeza de que é um protesto”, disse a chefe de Veal ao jornal Daily News. “Eu não sei o que fez ele cometer suicídio, mas o local escolhido é simbólico”, acrecentou. A polícia investiga como ele entrou no Ground Zero, que é protegido por cercas altas e é propriedade da Autoridade Portuária.

San Francisco se revolta

A atitude desesperada de Andrew passou dos limites mas reflete a revolta de boa parte dos americanos, sobretudo os que vivem em cidades dos chamados “Estados-azuis”, onde Bush perdeu a eleição.

É o caso, por exemplo, de San Francisco. O verão do amor deu lugar ao outono do medo nesta cidade liberal em que os residentes desapontados com a vitória de Bush não estão muito dispostos a reparar divisões.

Pelo contrário, eles estão acenando mapas dos “Estados Unidos do Canadá” -redesenhados com um Canadá estendido que inclui a Califórnia, New England e os outros “Estados-azuis”, que votaram no senador John Kerry nas eleições presidenciais.

Alguns estão até cancelando seus planos de viajar para “Estados-vermelhos” vizinhos, de onde veio a maior parte do apoio a Bush.

Eles estão se perguntando seriamente sobre o futuro da democracia americana. E a habitual promessa de mudar de país quando o candidato favorito perde soa diferente este ano. Soa mais séria.

“Na segunda-feira vou fazer um passaporte”, disse um técnico eletricista e voluntário na conferência ambiental “Green Festival”, que pediu para não ser identificado. “Não vou viajar ainda, mas estou me preparando”, disse ele. “Eu imagino que este país piorará bastante antes de melhorar.”

“Por que deveríamos acreditar que teremos alguma eleição justa neste país?”, perguntou uma mulher.

Depois do caos eleitoral na Flórida em 2000, os Estados Unidos convidaram observadores internacionais para monitorar a eleição de 2 de novembro. Apesar das alegações de fraude eleitoral antes do pleito da semana passada, os monitores não foram capazes de provar as acusações.

A frustrações desta mulher ecoavam em toda San Francisco, a cidade mais liberal de um dos Estados mais democratas do país. Na terça-feira, 83,3 por cento dos eleitores de San Francisco votaram em Kerry, comparados com 62,8 por cento no condado de Los Angeles e 54,7 por cento em todo o Estado.

Paz e tolerância sempre foram os lemas da cidade, conhecida por sua enorme comunidade gay, a ampla mistura étnica e os freqüentes protestos contra a guerra.

Dias depois das eleições, no entanto, muitos moradores disseram que estavam tão preocupados com uma possível erosão dos direitos civis, dos padrões ambientais e com a escalada da violência no Oriente Médio que eles não sabiam se poderiam tolerar a administração Bush ou os americanos que votaram para reelegê-lo.

“Tenho família em Idaho, mas eu disse à minha esposa que não vamos visitá-los agora. Só têm republicanos lá”, disse Ron Schmidt, um executivo de relações públicas.

Esta certamente não era a reação que Bush esperava quando, em seu discurso de vitória na quarta-feira, disse aos simpatizantes de Kerry: “Precisarei do apoio de vocês e vou ganhá-lo.”

Schmidt disse: “As ideologias dos dois partidos são tão diferentes. Eu não vejo como haver uma cicatrização. Eu me sinto como uma minoria privada de meus direitos agora, e isso é algo engraçado para um cara alto, branco e de boa aparência como eu dizer.”

O editor de revistas Joseph Connelly disse que uma das colunistas que trabalha para ele, e que havia se mudado temporariamente para Paris há seis meses, decidiu na quarta-feira que ficará lá permanentemente.

“Ela pensou que ia querer voltar”, disse ele. “Mas, depois que ela viu o resultado das eleições, ela não quis mais.”

Fonte: Portal Vermelho, com informações de Agências Internacionais