Trabalhadores lotam as ruas de Florianópolis

O Dia Nacional de Lutas, nesta quinta-feira, 11, teve atos, paralisações e manifestações em todo o país organizadas de forma unificada pelo Movimento Sindical. Em Florianópolis, a concentração foi na Praça Tancredo Neves, na frente da Assembleia Legislativa, e a passeata percorreu o entorno da Praça 15, a Tenente Silveira, a Esteves Júnior, retornando depois ao Centro para encerrar no Ticen. Houve paradas na frente da Secretaria Estadual da Educação, dos Correios – na Praça 15 -, na sede da prefeitura na Tenente Silveira, na Secretaria Estadual da Saúde e no TRT-SC. Várias categorias de trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada participaram da passeata, assim como estudantes do Movimento Passe Livre.

Servidores do Judiciário Federal estiveram na manifestação desde o início com faixas pela anulação da Reforma da Previdência e em protesto contra o sucateamento da Justiça do Trabalho e o projeto de congelamento salarial e pelo respeito ao Direito de Greve. Mesmo servidores que não participaram da passeata foram até as janelas e a entrada dos prédios do TRT-SC e do TRE, acenando para os trabalhadores. Houve boa participação de servidores da Justiça Eleitoral que, nas Greves recentes, deram exemplo de mobilização. Ao longo de toda a passeata houve policiamento ostensivo, provocando uma cena inédita que indignou os trabalhadores: uma fila cerrada de policiais de um lado a outro da entrada do TRT-SC. O fato irritou servidores do próprio Tribunal, que tiveram dificuldades de passar pela barreira policial. O TRT-SC já julgou dissídios de diversas categorias – muitas delas representadas por centenas de pessoas no prédio do Tribunal, como de metalúrgicos, motoristas e cobradores, portuários e mineiros – e nunca houve policiamento ostensivo como o verificado ontem. A servidora do TRT-SC Adriana Ramos denunciou o fato, lamentando que cena semelhante tenha sido registrada no Tribunal que julga ações que envolvem direitos dos trabalhadores.

Ainda na frente do TRT-SC, os manifestantes denunciaram recentes decisões autoritárias e que não refletem o espírito da Justiça do Trabalho sobre as Greves, como a exigência de 100% da frota nas ruas, em horário de pico, na Greve dos motoristas e cobradores em junho passado. O Coordenador do SINTRAJUSC, Sérgio Murilo de Souza, mencionou essa situação, bem como o sucateamento pelo qual está passando a Justiça do Trabalho com a implantação do PJe e a limitação de lotação de servidores nas Varas e setores de trabalho. Representantes de Centrais Sindicais, Sindicatos e movimentos se revezaram para as falas nos caminhões de som. O SINTRAJUSC foi um dos Sindicatos que se manifestou sobre o Direito de Greve, cada vez mais atacado, tanto no serviço público quanto na iniciativa privada.

O Ato foi finalizado com a fala de representantes das Centrais Sindicais, entre as quais CUT, CTB e CSP-Conlutas. As pautas mencionadas incluíram a redução das tarifas e melhoria da qualidade dos transportes públicos, o aumento nos investimentos da saúde pública e educação, a redução da jornada de trabalho, posição contrária ao Projeto de Lei 4330/2004, que trata da terceirização e vai afetar trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público, fim dos leilões de petróleo, fim do fator previdenciário e contra a reforma da previdência. Ao final do Ato, no Ticen, foi dado um espaço para que representantes dos partidos que acompanharam a passeata se manifestassem sobre as reivindicações.

Foi um Dia Nacional de Luta muito importante para reforçar as reivindicações dos trabalhadores e colocar contra a parede os governos e o Congresso Nacional, os quais, desde que iniciaram os movimentos, estão mais “cuidadosos” ao tocar projetos que atacam direitos dos trabalhadores. A forte manifestação nacional de ontem mostrou que precisamos fazer novas mobilizações unificadas e preparar uma forte Greve geral no país para botar abaixo o fator previdenciário, reverter a Reforma da Previdência e garantir transporte realmente público e de qualidade, aumento salarial, redução de jornadas de trabalho, entre outras reivindicações. Foi o mais forte Dia Nacional de Lutas dos últimos anos organizado pelas Centrais Sindicais e Sindicatos.