Quando o machismo mata

O ator Robert de Niro, de 60 anos, quebrou um tabu esta semana. Contrariando o comportamento machista adotado pela maioria dos homens, o astro — um dos mais cultuados do cinema americano — assumiu publicamente que está com câncer de próstata. Esse é o tipo de tumor que mais atinge homens acima de 40 anos em todo o mundo.

No Brasil, estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indica que, até dezembro, serão diagnosticados 35 mil novos casos de câncer de próstata. Este ano, no país, pelo menos 8 mil homens poderão morrer em decorrência da doença porque não a descobriram em tempo de curá-la. O preconceito e o medo são os principais fatores que adiam o tratamento e a possibilidade de curar esse tipo de câncer.

Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, seção do Distrito Federal, Rômulo Maroccolo conta que em geral os temores que adiam a ida de um homem ao consultório para se submeter ao exame de próstata são os mesmos: o toque retal e a suposta perda de masculinidade e virilidade. “O exame do toque retal não é doloroso e não interfere em nada na vida ou orientação sexual do homem”, afirma Maroccolo.

Exames periódicos
De acordo com as projeções do Inca, o câncer de próstata é o que mais mata os homens à medida que eles envelhecem. O ideal, segundo especialistas, é que a pessoa cujo histórico familiar indica a incidência da doença façam exame periódico ao menos uma vez por ano, a partir dos 40 anos. Se não há registros desse tipo de câncer na família, o exame pode ser feito a partir dos 50 anos.

“A grande arma contra o câncer de próstata é sua detecção precoce, não há dúvidas sobre isso”, afirma Luiz Cláudio Thuler. Ele é chefe, no Inca, da Divisão de Detecção Precoce da doença. “É fundamental diagnosticar o câncer ainda no início, pois em 90% dos casos é possível curá-la”, alerta Thuler. “Muita gente não vai ao médico por desinformação ou informação equivocada.” Quando está no estágio inicial, o tumor pode não provocar dores nem alterações físicas no paciente. Isso também acaba dificultando o diagnóstico precoce da doença.

Segundo Maroccolo, há dois procedimentos fundamentais para diagnosticar a doença. São eles: o toque retal, único meio de descobrir se a próstata está no seu tamanho normal e se há alguma anomalia no órgão; e o exame de sangue denominado PSA (antígeno prostático específico). Por orientação do Ministério da Saúde, todos os postos e centros públicos devem atender os pacientes, sendo que os exames e os casos mais complexos são encaminhados aos hospitais.

No Distrito Federal, os exames e tratamentos são realizados nos hospitais de Base, Universitário de Brasília (HUB) e das Forças Armadas (HFA). Só no ano passado, o Departamento de Urologia do Hospital Universitário atendeu 6 mil pacientes. De acordo com Thuler, o Inca mantém permanentemente um sistema de atualização de informações destinado aos profissionais da rede pública de saúde.
Previna-se : Os exames de toque retal e de sangue são feitos gratuitamente nas seguintes unidades da rede pública do Distrito Federal: Hospital de Base, Hospital Universitário (HUB) e HFA.
Mas os pacientes podem procurar qualquer posto ou centro de saúde para obter orientações. Se preciso, eles serão encaminhados aos hospitais.
Ao fazer exames de rotina, há exatamente um ano — quando saía de mais uma campanha eleitoral —, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) descobriu a existência de um tumor na próstata. Dos 18 fragmentos retirados para biópsia, dois tinham grau 5 de malignidade. Sem rodeios, ele avisou à família e aos amigos que obedeceria à recomendação médica, submetendo-se à cirurgia para retirada da glândula. (Fonte: Sindsaúde)