2ª Conferência reafirma a luta pela estatização das fábricas ocupadas

“O povo trabalhador está confrontado com uma chuva de ataques contra as bases da civilização, a soberania das nações, os direitos trabalhistas, as conquistas sociais, e mesmo a existência das fábricas. Permitir que isto continue é mergulhar a sociedade na barbárie”. Essa é uma das conclusões da 2ª Conferência Nacional em Defesa do Emprego, dos Direitos, da Reforma Agrária, e do Parque Fabril Brasileiro, que reuniu 100 delegados de seis estados brasileiros, na sede da CUT Nacional, em São Paulo, nos dias 24 e 25 de julho. Representantes das fábricas ocupadas – Cipla/Interfibra-Joinville/SC, Flaskô-Sumaré/SP, Flakepet-Itapevi/SP, Diamantina-Curitiba/PR, JBdaCosta-Recife/PE -, sindicatos, CUTs estaduais, CUT nacional, organizações, mandatos populares e oposições sindicais, reuniram-se para discutir os rumos do movimento em defesa do emprego.

Entre outras resoluções, a Conferência decidiu ampliar o Comitê Nacional de Continuidade da Conferência incorporando novos companheiros. Multiplicar iniciativas em direção às fábricas quebradas em todo o Brasil para ajudar os trabalhadores e seus sindicatos a salvar os empregos.

A Conferência ressalta a responsabilidade central do governo federal na manutenção dos empregos, e cobra diretamente do presidente Lula sua promessa de que encontraria uma solução para salvar de forma duradoura todos os empregos. O encontro decidiu organizar uma 3ª Caravana a Lula, em outubro de 2004, com 1000 trabalhadores, se as reivindicações não forem atendidas, exigindo uma Medida Provisória que estatize a Cipla, Interfibra, Flaskô e Flakepet.

A Conferência saúda os trabalhadores da JB da Costa pela vitória alcançada e os trabalhadores da Diamantina pela garra com que vem mantendo a fábrica funcionando e garantindo os postos de trabalho. A Conferência apóia a proposta de manifestação dos trabalhadores da Flakepet no Foro de São Paulo, em 05/08/04, para exigir a revogação da posse concedida ao patrão e a reabertura da fábrica sob controle dos trabalhadores.

Os trabalhadores também exigem do governo federal a caducidade dos contratos de concessão das ferrovias privatizadas, o cancelamento do processo de liquidação da RFFSA e pede que não libere recursos do BNDS para estas operadoras privadas.

Os representantes no encontro fazem um alerta aos trabalhadores da Parmalat em todo o Brasil, frente ao anúncio de reestruturação do grupo após a fraude milionária. “Nossa palavra para vocês é ‘se há ameaça de demissão, ocupem a fábrica!’. Estaremos com vocês”. Foi lançado um apelo aos sindicatos para que ajudem a sustentar materialmente a luta dos trabalhadores da Flakepet, há meses acampando em frente à fábrica fechada.

Os trabalhadores assumem a defesa dos demitidos pela AMBEV porque organizaram uma chapa de oposição no sindicato. Uma campanha nacional pela reintegração dos companheiros contará com o apoio do Comitê de Continuidade da Conferência. Dirigem-se ao governo federal para denunciar e exigir providências contra a crescente e ilegal perseguição e demissões de dirigentes sindicais em todo o Brasil. Esta questão será apresentada à CUT Nacional para discussão de uma ação nacional. Convidar em especial a juventude e as suas organizações a se somar à nossa luta em apoio às fábricas ocupadas.

A Conferência decide assumir como sua a luta e a campanha nacional pela contratação com carteira assinada e com todos os direitos, dos milhares de agentes de combate às endemias, explorados através de trabalho precário pelos governos estaduais e municípios. E apela ao presidente Lula para que ele resolva esta situação. Afirma seu apoio à luta dos trabalhadores dos correios contra as demissões na ECT e exige a retirada do projeto de privatização da ECT do Congresso Nacional. Reafirma seu apoio à luta dos ferroviários pela reestatização das ferrovias, apóia e assume a organização, junto com os sindicatos de ferroviários, de uma manifestação e bloqueio nacional das ferrovias, com local e data a serem decididos pelos organizadores. (Fonte: Coordenação dos Conselhos das Fábricas Ocupadas)