Primeiro Fórum Social Américas

Quito, Equador – O primeiro Fórum Social Américas (FSA), evento regional que compõe a agenda do Fórum Social Mundial (FSM), foi aberto oficialmente neste domingo (25) na Praça São Francisco, centro velho de Quito, Equador, com uma cerimônia de boas vindas celebrada por sacerdotes e sacerdotisas indígenas. O ato quebrou a tradição dos discursos políticos que normalmente marcam o início dos eventos do FSM.

Não que não houvessem, nas falas dos indígenas, críticas ao neoliberalismo e aos seus impactos – como ameaça à soberania das nações, à crescente intervenção dos EUA na região e ao recrudescimento das investidas das grandes corporações transnacionais sobre recursos naturais e políticas domésticas dos Estados –, mas o que predominou na cerimônia foram os valores ancestrais das nações originárias, como a celebração do “amor incondicional entre os seres humanos” (huy ya yay, em quechua), e a defesa de conceitos como o respeito à Terra (Pachamama) e à vida.

Essa primeira atividade do FSA traduziu, por assim dizer, o espírito do evento. Contando com uma forte representação de países da região andina e mesoamazônica, o Fórum pretende aprofundar propostas referentes à integração regional e à situação de indígenas e afrodescendentes, na perspectiva de, a partir destes objetivos gerais, fortalecer as articulações e lutas contra as ameaças representadas pelo chamado neocolonialismo norte-americano e seus projetos militares e econômicos para a região (principalmente tratados de livre comércio como o TLC (EUA, Colômbia, Equador, Peru), Alca (Américas), Cafta (América Central), Nafta (América do Norte) e Plano Puebla Panamá, e as intervenções armadas e políticas em países como Cuba, Haiti, Venezuela e Colômbia).

A realidade política e as lutas específicas de alguns países, principalmente na Venezuela (onde ocorre, em 15 de agosto, o referendo que deve decidir a permanência ou não do presidente Hugo Chávez, considerado o chefe de Estado mais comprometido com as causas dos movimentos sociais na América Latina), também entrou na pauta (a delegação venezuelana é uma das maiores do evento). (Fonte: Agência Cartat Maior)