Ombudsman desmonta cobertura da Folha sobre cubanos

O jornalista Mário Magalhães, ombudsman da Folha de S.Paulo, dedica sua coluna deste domingo (12) a polemizar com a ”inconsistência” e ”ideologização” da cobertura do diário paulista sobre o caso dos dois pugilistas cubanos. ”Pelo que se sabe hoje, inexistiu pedido de asilo. Representantes da OAB e do Ministério Público estiveram com os estrangeiros e ouviram a vontade de ‘volver’ [voltar]”, afirma. O título da coluna é Jornalismo nocauteado, parodiando o editorial da Folha sobre o caso na quarta-feira (8), Direitos nocauteados.
”O que condeno é, a essa altura do século 21, a ideologização da cobertura esportiva com base em premissas editoriais, de opinião”, diz o jornalista. E em outro trecho: ”Não é papel do ombudsman discutir o mérito das opiniões editoriais. É legítimo que o jornal as tenha e as divulgue. Nesse episódio, porém, parece haver opinião demais em contraste com informação de menos. E precipitação, ao conferir status de fato ao que era suposição”, agrega.
Em contraste, Magalhães elogia a ”admirável reportagem do jornal carioca Extra”: reconstituiu os dias de ”farra” dos pugilistas, em meio a ”picanha e pistoleiras”, entrevistou o salva-vidas e o pescador a quem os cubanos apelaram para chamar a polícia e regressar a Cuba.
No penúltimo parágrafo, porém, o ombudsman presta continência à linha básica da Folha em relação a Cuba, ”uma ditadura de partido único” onde ”quem grita ‘Fora Fidel’ vai em cana”. Se ”não  é papel do ombudsman discutir o mérito das opiniões editoriais”, qual o motivo dessa profissão de fé, afora aplacar a ira dos donos do Grupo Folhas diante da crítica?


Fonte: Vermelho (Bernardo Joffily), com Folha de S.Paulo