O que aconteceu em Montevidéo

Por Caio Teixeira
Coordenador de Comunicação do SINTRAJUSC

Participei em Montevidéo, das manifestações contra a ALCA organizadas pela Coordenadora de Centrais Sindicais do Mercosul durante a “Cumbre Sindical” da região. Fizemos uma marcha de alguns quarteiroes com companheiros que vieram principalmente da Argentina e Sul do Brasil, onde as CUT´s chamaram a mobilizacão. Tembém vieram delegações do Paraguai e do Chile e representantes de outros países. Houve uma certa frustracão por parte de todos os manifestantes por conta de algumas coisas estranhas. A marcha pela cidade foi feita de ônibus e apenas um pequeno trecho de umas 10 quadras a pé, longe de qualquer ponto de referência como palácio de governo ou hotel onde se hospedam os presidentes. Aliás, esta foi outra frustracão. Todos os manifestantes foram embora na segunda-feira e os presidentes dos paises do Mercosul chegaram na terça. O que se perguntavam todos é porque o evento dos trabalhadores não coincidiu com o dos presidentes? Este seria o momento correto de mostrar aos presidentes dos nossos paises que os trabalhadores estão unidos e contra a Alca. De a nítida impressão de que foi feito um acordo para que o evento dos trabalhadores não coincidisse com o dos presidentes. Pelo menos este foi o encaminhamento dado pela Coordenadora de Centrais do Mercosul. Talvez tenha contribuido para esta “timidez” o fato da coordenadora de centrais do mercosul ser composta tambem por centrais como a Força Sindical brasileira e a CGT argentina que, com o todos sabemos, foram braço auxiliar do capital na implementação em nossos paises do modelo neoliberal, privatizacões, flexibilizacão e do próprio início das negociações da ALCA. É preciso atentarmos para onde pretendemos chegar com esta timidez. Quem são nossos aliados de verdade na luta por mudancas nesta América? As mobilizacões para a luta necessária e urgente a partir dessa unidade que se vem construindo não pode ser comprometida por posicões atrasadas de setores que nunca se interessaram por mobilizações. Também não podemos subordinar as acões do movimento sindical a interesses de governo (seja que governo for) que se dão em outra esfera política. Não podemos deixar de fazer um protesto contra a Alca frente aos presidentes do Mercosul – o que seria lógico – só por medo de afetar a imagem dos presidentes. Se pretendemos uma integração dos trabalhadores do mercosul e dos povos dos nossos paises a partir de uma perspectiva de classe – o que é correto – não podemos subordinar tal bandeira aos interesses comerciais e econômicos defendidos pelo capital nos acordos comerciais entre os países. A luta da classe trabalhadora contra a ALCA, passa necessariamente pela mobilização unificada dos trabalhadores. Com esta política de medo do mercado e atrelamento a propostas oficialistas não chegaremos a lugar algum pois não faremos as mobilizações essenciais. As centrais nao podem ser um mero instrumento da política externa do Itamarati em relação ao Mercosul. Cada esfera tem seu papel. Estes papéis não podem em momento algum se confundir.