Nova diretoria da Unisol é eleita para mandato de 2 anos

A nova diretoria da Unisol Brasil (União e Solidariedade das Cooperativas e Empreendimentos de Economia Social do Brasil) foi eleita domingo durante o congresso de constituição da entidade – que passa a agregar todas as cooperativas representadas pela Unisol São Paulo –, no Pampas Palace, em São Bernardo. Cláudio Domingos da Silva presidirá a entidade por um mandato de dois anos. A entidade nacional tem como parceiros a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a ADS (Agência de Desenvolvimento Solidário).

Após a sua formação, a Unisol Brasil assinou domingo um acordo de cooperação com a Acsur (Associação de cooperados do Cone Sul), uma organização não-governamental de ajuda a países em desenvolvimento do hemisfério Sul, da Catalunha, na Espanha, para promover um intercâmbio de informações, troca de experiências e colaboração mútua em iniciativas de interesse comum. A entidade pretende ainda promover uma parceria com entidades italianas.

Segundo Silva, que também é presidente da Metalcoop, uma metalúrgica comandada por trabalhadores, em Salto, no interior de São Paulo, a constituição da entidade em nível nacional é importante para o desenvolvimento desse segmento, pois aumenta o poder de negociação de interesse dos empreendimentos junto ao governo federal. Entre os grandes desafios citados por ele estão os de organizar os direitos trabalhistas dos cooperados de empresas falidas que foram assumidas por trabalhadores. Nessas instituições eles são também sócios. A grande dificuldade é encontrar uma saída que possa garantir os direitos trabalhistas sem que haja um vínculo empregatício. Para isso, será necessário reformular a atual lei de cooperativas, criada em 1971, em uma época que existiam apenas cooperativas rurais. A proposta de mudança está em tramitação no Senado.

Uma outra luta que a entidade nacional pretende encampar é a de organização das cooperativas de autogestão em uma estrutura que impeça que elas sejam as responsáveis por dívidas assumidas na administração anterior. “Não podemos assumir os débitos dos antigos patrões”, acrescentou Silva.

Autogestão – Um outro problema a ser resolvido pela entidade será conseguir linhas de crédito para as cooperativas de autogestão. Esses empreendimentos não têm acesso ao que está disponível no mercado financeiro porque possuem débitos que foram gerados pelos proprietários anteriores. O secretário da Senaes (Secretaria Nacional de Economia Solidária), Paul Singer – um dos principais integrantes do atual governo – esteve sábado no congresso de fundação da Unisol e sinalizou aos participantes a possibilidade de um contrato com o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, para destinar uma parte dos recursos de capital de giro do banco para financiar projetos dessas cooperativas.

Silva comentou ainda que a Unisol Brasil também deve assumir um compromisso na área de formação técnica e operacional dos dirigentes dos empreendimentos e dos cooperados. Segundo ele, ainda existem muitas empresas, controladas por empregados, mas que operam na informalidade. “Também pretendemos organizar essas cooperativas que estão espalhadas pelo Brasil”, disse.

Entidade foi fundada há quatro anos
A Unisol estadual – agora representada pela Unisol Brasil – foi fundada há quatro anos pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e surgiu para ajudar na constituição de cooperativas de autogestão, como uma forma de amenizar o problema do desemprego com a falência de algumas empresas. Inicialmente, a entidade era formada por oito cooperativas, entre as quais, algumas da região. A primeira no Grande ABC foi a Uniforja, de Diadema, em 2000, depois que a então Conforja (chegou a ter 600 funcionários) fechou as portas. Atualmente, a empresa conta com 231 cooperados, 230 funcionários e no ano passado fechou contrato de exportação com uma companhia americana.

Aziel Pereira da Silva, presidente da entidade, também comanda a metalúrgica Uniwídia, de Mauá, disse que a Associação conseguiu ampliar sua área de atuação. Hoje são 23 cooperativas associadas, 1.590 sócios que geram 1.835 postos de trabalho. A ADS (Agência de Desenvolvimento Solidário), parceira da Unisol Brasil, tem 69 empreendimentos filiados e um total de 2.035 trabalhadores.

Segundo Pereira da Silva, agora será importante desenvolver um processo de comunicação entre as cooperativas e evitar intermediários. Ele disse que é necessário criar cadeias produtivas, como a do algodão, que está em fase de formação.(Fonte: Diário do Grande ABC)