Metade dos trabalhadores do mundo vive na pobreza, diz OIT

Por Imprensa

A metade dos trabalhadores do mundo, o equivalente a 1,4 bilhão de pessoas, vive na pobreza e tem renda familiar diária menor que US$ 2. É o que revela o relatório anual sobre o emprego apresentado ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Desses trabalhadores, 550 milhões – que representam quase 20% das pessoas empregadas no mundo e 23% nos países em desenvolvimento – conseguem ganhar apenas um dólar por dia.

Além disso, segundo os números da OIT, o desemprego atinge 186 milhões de pessoas, mas calcula-se que um número sete vezes maior tem um emprego precário, o que implica uma renda insuficiente, falta de segurança social e condições de trabalho inadequadas. Para promover a geração de emprego, a organização destaca a necessidade de implementar políticas econômicas que criem oportunidades de trabalho decente e produtivo, não apenas entre os 1,4 bilhão de pessoas que ganham menos de US$ 2 por dia, mas também entre aqueles que estão desempregados.

De todas as regiões do mundo, apenas os países industrializados, as nações do Oriente Médio e do norte da África registraram um aumento significativo da geração de emprego em relação a seu volume de população nos últimos dez anos. No caso do Magreb (norte da África), a OIT esclarece que a melhora dos números se deve à inserção das mulheres no mercado de trabalho, apesar de “as mulheres nessa região ainda apresentarem a menor taxa de participação trabalhista do mundo”.

Transição

Por outro lado, os especialistas da OIT afirmam que, caso as projeções de crescimento econômico para algumas regiões do mundo se confirmem, poderiam reduzir pela metade o número de trabalhadores que vivem com menos de US$ 1 por dia. Para alcançar esse objetivo, o mundo em desenvolvimento teria de crescer a um ritmo anual de 4,7% nos próximos anos, mas o problema é que, tirando da equação os países do leste asiático, em particular a China, esse objetivo não parece muito fácil de ser atingido.

Mais ambicioso ainda, para o número de trabalhadores com menos de dois dólares por dia cair para a metade, seria preciso um crescimento econômico global de 10%. De acordo com o relatório da OIT, apenas as regiões do sudeste asiático, do sul da Ásia, o Oriente Médio, o norte da África e as economias “em transição estão atualmente no caminho de alcançar” a taxa de crescimento que precisam para criar empregos de qualidade. Em contrapartida, a região da América Latina e do Caribe provavelmente “não conseguirá”, enquanto a África subsaariana está “significativamente” atrasada, indica o estudo.

Produtividade

Além disso, a OIT ressalta que apesar dos empregos criados na última década no total dos países latino-americanos, o número não foi suficiente para absorver a crescente oferta de mão-de-obra: o desemprego aumentou de 6,9% em 1993 para 8% em 2003. A Europa, por sua vez, registrou uma taxa de desemprego de 7,9% em 2003, frente a uma média de 6,8% para as economias industrializadas fora desse continente, incluindo os Estados Unidos e o Japão.

No entanto, ao se levar em conta a porcentagem de pessoas que estão trabalhando – que a OIT considera a melhor forma de medir o emprego -, os mercados de trabalho dos países europeus industrializados mostram melhores resultados, com um aumento de 50,3% há dez anos, contra 51,2% em 2003. Nos países desenvolvidos fora da Europa o aumento foi menor: de 60,6 para 60,9%. Em função de suas avaliações, a OIT afirma neste último relatório que o aumento da produtividade costuma ir contra a geração de empregos e da redução da pobreza, mas a forma como isto ocorre varia de acordo com as regiões.

Fonte: Portal Vermelho