IELA discute África e traz a Florianópolis o Circuito Cultural Lusófono

O Instituto de Estudos Latino-Americano recebe em Florianópolis o Circuito Cultural Lusófono, que é promovido nos países de língua portuguesa pelo Instituto Cultural Lusófono – ICL, em colaboração com a ONG Etnia-Cultura e Desenvolvimento, sediada em Portugal. O objetivo deste Circuito é, segundo Nícia Nogara, representante da Etnia para o Sul do Brasil, “oportunizar ao maior número de pessoas possíveis conhecer as expressões culturais contemporâneas e tradicionais dos povos do universo da língua portuguesa”. 

A idéia de trazer o Circuito para Florianópolis e discutir cooperação cultural com países de língua portuguesa do continente africano surgiu em função de que, apesar de não trabalhar com o tema África, o IELA não é indiferente ao que acontece naquela região da periferia capitalista – tal qual é a América Latina. Assim, lembrando que no dia 25 de maio é celebrado o Dia de África, data que marca o estabelecimento da Organização da Unidade Africana em 1963, O IELA assume a proposta de refletir a situação destes países que sofrem ainda hoje os males do tempo colonial.  

A proposta é realizar no dia 21 de maio, às 10h, no Auditório do CSE, uma conferência que tratará do tema: Cooperação Cultural com os Países de Língua Portuguesa/África: oportunidades e desafios  – sempre dentro de uma visão crítica que supere as tradicionais políticas marcadas pelo eurocentrismo, tanto daqui como da Europa. Participam da mesa o presidente do IELA, Nildo Ouriques, o presidente da ONG Etnia, Mario Alves e Roberto Isaias da Rede Moçambicana para a Diversidade Cultural. 

No período da noite, a partir das 19h30min, também no auditório do CSE, será a vez da parte cultural com uma mostra de fotografias e a apresentação, com violão e voz, dos músicos Filipe Mukenga, de Angola e Vadú, de Cabo Verde, com a participação especial do poeta César Felix (Cesinha).  

Para o Presidente da ONG Etnia, Mario Alves, que também irá a Joaçaba “a realização do Circuito no Sul do Brasil é muito importante, possibilitando novas perspectiva para futuras parcerias em projetos culturais ligados aos países de língua portuguesa”. Nildo Ouriques, do IELA, aposta neste evento como um importante primeiro passo do Instituto na discussão das questões referentes à África, enfrentando também aí a visão eurocêntrica de mundo.  

Tanto o espetáculo artístico-cultural quanto a conferência são gratuitos e abertos ao público. 

Os músicos

Filipe Mukenga – Cantor e compositor angolano, nascido em Luanda. Começou nos anos 60, com música pop, mas jamais destoando do espírito da época. É uma referência na música daquele país, inventor de ritmos e influenciador de outros tantos músicos, inclusive brasileiros como Djavan. 

Vadu Nasceu na capital de Cabo Verde, na ilha de Santiago. Sobrinho de Zézé e Zeca Nha Reinalda, dois grandes nomes da cena musical de Santiago, tem nas veias o mesmo fervilhar de intuição e genuinidade inevitavelmente herdado. Em 1990 estudou em Cuba durante 3 anos, bebeu da corrente musical cubana, rasgou novos horizontes e fertilizou a sua inspiração. Debruçado nas suas raízes com base nos ritmos populares e estilos do interior de Santiago – Batuco, Tabanka e o Funaná – evidencia as dificuldades da juventude vivida num ambiente urbano duro, um alerta para as prioridades sociais e culturais do país.