Greve segue na Justiça do Trabalho e novos prazos são suspensos

Por Marcela Cornelli

Até ontem, prazos suspensos em Imbituba, Curitibanos, 4ª de Joinville, 2ª de Criciúma e Araranguá

Sexta-feira é um bom dia para um balanço do nosso movimento. Em março, o governo anunciou uma proposta de reajustes diferenciados para os servidores federais, deixando de fora o Judiciário, com reajuste ZERO.

De lá para cá, muitas categorias entraram em greve e várias já negociaram propostas melhores que as originais do governo, em especial mantendo a paridade entre ativos e aposentados e eliminando o caráter de “desempenho” de suas gratificações.

JUDICIÁRIO COM SUAS BANDEIRAS
Estando claro que a greve este ano não estava unificada, no congresso da Fenajufe encerrado em 2 de maio, os servidores do Judiciário marcaram o dia 18 de maio para iniciar a greve. Poucos estados, entretanto conseguiram cumprir o calendário e entrar em greve por tempo indeterminado naquela data. Muitos outros marcaram paralisações de 24 ou 48 horas para “aquecer os motores”, como nós, em SC. O 18 de maio foi o início da nossa mobilização e desde então há mobilização em todos os órgãos do Judiciário do país, em maior ou menor grau. Hoje estamos com 5 estados em greve por tempo indeterminado, mais a Bahia que entrará na segunda-feira e vários estados com paralisações e assembléias sendo realizadas.

Não é uma greve grande como foi a do PCS em 2002, por exemplo, mas a pressão que estamos conseguindo exercer sobre os que detém o poder de atender nossas reivindicações, já apresentou alguns resultados.

GREVE FAZ ABRIR NEGOCIAÇÕES COM JUDICIÁRIO
Desde o dia 18 registramos os seguintes acontecimentos: 1- A Fenajufe e o Diretor Geral do STF se reuniram com o Secretário de RH do Ministério do Planejamento (o negociador do governo com os servidores) ocasião em que ambos afirmaram que o Judiciário não aceita reajuste zero, os servidores estavam iniciando processo de greve nacionalo e o representante do STF entregou ao secretário um estudo sobre o aumento da GAJ para 30%; 2- A Fenajufe se reune com o Presidente do STF que declara apoio às reivindicações de GAJ e jornada de 6 horas e cria uma comissão para discutir “Revisão do PCS”; 3- O Presidente do STF se reúne com os presidentes dos tribunais superiores que também apoiam as reivindicações e indicam Jobim para negociar com os servidores e com o governo; 5- Na primeira reunião da comissão do PCS chega-se ao consenso de que devemos discutir salários junto com Plano de Carreira (proposta da Fenajufe); 4- O Presidente do STF se reune com Lula (4ª feira passada), apresenta a proposta de GAJ e marca reunião com os Ministros do Planejamento e Casa Civil, para a próxima segunda-feira, 7 de junho;

Vamos conseguir ou não?
Há quem pense que tudo está resolvido porque o presidente do STF, aparentemente está do nosso lado. Tudo pode ser também uma simples jogada para matar a greve e evitar qualquer reajuste. Qual a avaliação correta? As duas! Ou seja, numa luta política como uma greve que enfrenta a política econômica do governo – qualquer reajuste diminui o superávit fiscal – o resultado nunca está posto previamente. O resultado num jogo político será sempre dado pela correlação de forças em cada momento de decisão. Numa luta em que o adversário é o Estado, a correlação de forças em situação normal está sempre a favor do governo que tem o poder nas mãos. O que desestabiliza esta posição é a mobilização dos servidores, da qual a greve é a maior expressão.

Vejamos os fatos de hoje. É verdade que o presidente do STF está defendendo a GAJ de 30% e as 6 horas. Mas poderá não estar amanhã. Hoje há uma greve em construção e, evidentemente Jobim, que tomou posse ontem não tem porque brigar com os sindicatos de servidores no inicio dos seus dois anos de gestão. Todos sabem que temos força para embates desgastantes e desnecessários e o momento é de união. O Judiciário vem sendo atacado por uma reforma, pelo reajuste zero também para os juízes, pelos cortes de orçamento. Os magistrados sozinhos sabem que não terão a força suficiente para enfrentar esta situação. Portanto, o que garantirá manter a posição dos Presidentes de Tribunais a nosso favor é a nossa mobilização e nada mais.

Por outro lado, se é da maior importância que os tribunais estejam do nosso lado, é evidente que só isto não garante uma vitória. do outro lado está o governo e sua política fiscal que tudo fará para não precisar gastar seiscentos ou setecentos milhões com o Judiciário. Só o fará se não tiver alternativa. Na reunião de segunda-feira tudo pode acontecer. O governo pode dizer: “tudo bem, mas vamos discutir isto depois das eleições”; ou então: “estamos no meio de uma crise mundial, vamos parcelar isto em 4 anos”; ou ainda pode simplesmente dizer: “precisamos de um tempo para estudar, volte daqui a um mês” e assim a nossa mobilização acaba e sem pressão, nada acontecerá. Mas se a greve estiver crescendo como ainda está o governo pode ser forçado a fechar um acordo para evitar mais um desgaste. Não podemos jogar fora o que temos até agora.

PORTANTO COMPANHEIROS VAMOS REFORÇAR A GREVE!

Da Redação