Discursos de Heloísa Helena (PT) e Jefferson Peres (PDT) comoveram servidores

Por Marcela Cornelli

Os discursos dos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Heloísa Helena (PT-AL), durante a votação de ontem da PEC 67, comoveram a todos.

“Eu sabia o que era o orgulho de ser funcionário público federal. Tudo isso começou a ser destruído e vai acabar de ser desmontado agora. Que pena me dá o futuro do serviço público no Brasil com essa reforma que está aí”, afirmou o senador Jefferson Péres (PDT-AM).

Ele fez um apelo em favor da ética e explicitou que os senadores estavam votando contrariamente ao serviço público em função da liberação de verbas para emendas e também por causa de cargos em ministérios. “Ser ético é defender a justiça mesmo quando ela nos prejudica e condenar a injustiça mesmo quando ela nos beneficia”, definiu de forma veemente.

O plenário e as galerias literalmente pararam para ouvir a senadora Heloísa Helena (PT-AL). “Tenho de me sentir feliz, porque não estou compartilhando com a suposta coexistência pacífica e cínica entre carreiristas obcecados, entre neoliberais de carteirinha, entre prisioneiros dos cárceres do poder, porque sou uma mulher livre. E sei que a liberdade ofende! A liberdade ofende os prisioneiros dos cárceres do poder, os que têm de se justificar, os que têm de abrir mão das suas convicções”, declarou.

A senadora que poderá ser expulsa do partido pela sua coerência, declinou o seu voto na tribuna: “Vou votar como o PT votou seis vezes: contra a taxação dos inativos. Vou votar contra a reforma da Previdência dos trabalhadores do setor público, porque o PT votou contra. O PT a combateu, em 1998, quando o Fernando Henrique a apresentou. Vou votar contra essa reforma da Previdência porque ela não faz nada pelos filhos da pobreza, pelas crianças que entram mais cedo no mercado de trabalho. Por isso, sinto-me na obrigação de votar contra essa reforma da Previdência”.

Heloísa Helena afirmou, ainda, que não iria compartilhar com o medo e a fraqueza do governo federal em enfrentar o Fundo Monetário Internacional. Em relação aos governos estaduais, que tensionaram o Executivo na questão dos subtetos, ela declarou: “Não vou compartilhar com a fraqueza dos governos estaduais, que, mais uma vez, junto com o governo federal, lançam a conta e a fatura aos trabalhadores do setor público”.

Paim decepciona servidores
O senador Paulo Paim (PT-RS) contrariou as expectativas dos servidores e disse sim à PEC 67. O parlamentar declarou que a decisão foi tomada porque “enxergou” um avanço no processo de negociação. “Fizemos muito, sabemos que temos muito o que fazer, mas no momento em que eu não acreditar mais no presidente da República…”, falou sob vaias dos servidores presentes na tribuna e na galeria do plenário.

Fonte: UNAFISCO