Critério de pagamento de URV causa indignação

Por Caio Teixeira
Coordenador de Comunicação do SINTRAJUSC

Reclamações indignadas de todos os cantos do estado não param de chegar ao sindicato depois do pagamento de uma parcela da dívida da URV para alguns servidores. Alguns chegaram a pensar que o sindicato tinha “negociado” este acordo, o que não é verdade. O sindicato foi apenas comunicado acerca do pagamento quando as folhas já estavam prontas e a decisão, segundo a administração do tribunal, irreversível.

Vamos aos fatos. Na segunda-feira o sindicato foi procurado por volta das 11 horas da manhã, pelo Diretor de Recursos Humanos, Vanderlei Ricken, convidando o Sintrajusc para uma reunião com a diretora geral às 14 horas.

Compareceram à reunião pelo sindicato as diretoras Denize Zavarize e Martha Rabenschlag, acompanhadas pelo companheiro Mauro Zandonai, representante dos servidores na comissão de orçamento do TRT. Pela administração o diretor financeiro, Luiz Carlos Cardoso, o de recursos humanos e a Diretora Geral. A administração abriu a reunião dizendo que estavam fazendo um comunicado de decisão já tomada sobre URV. Segundo a Diretora Geral, após os pagamentos de antecipação de férias e outras despesas de difícil previsão, sobrou do orçamento do ano passado para pagamento de pessoal as importâncias de aproximadamente R$ 530 mil para ativos e R$ 150 mil para aposentados. Diante da sobra, como havia decisão da Comissão de Assuntos Internos que toda a sobra seria destinada ao pagamento de URV, o TRT decidiu liquidar todos os passivos de menor monta resultando na liquidação dos créditos de 363 servidores ativos que receberam, no máximo R$ 3.250,00 cada um e 21 servidores aposentados que receberam valores entre R$ 1.000,00 e R$ 4.200,00. Informaram que as folhas já estavam prontas e encaminhadas ao banco e que nada podia ser mudado.

A direção do sindicato protestou lembrando que este critério havia sido derrotado na última reunião da Comissão de Assuntos Internos que, no final do ano passado, deliberou que sempre deveriam ser pagos percentuais iguais do montante devido a cada servidor, como vinha sendo feito.

TRT omitiu dados deliberadamente – Na reunião da comissão, no final do ano passado o Assessor Econômico do Sindicato, Washington Lima, contestou os números apresentados pelo TRT e afirmou que havia mais de R$ 600 mil reais que não apareciam nas contas do tribunal. A administração negou veementemente a existência de tais recursos que poderiam ter sido usados em dezembro para melhorar os pagamentos feitos então. Agora, coincidentemente aparecem os R$ 680 mil, confirmando os cálculos do assessor do sindicato e colocando em dúvida a transparência da Comissão de Assuntos Internos. A comissão também foi esquecida pela administração quando resolveu reduzir o salário dos Oficiais de Justiça em R$ 600,00 ao baixar suas FC de 5 para 3.

A nova administração do TRT, que assume hoje, manifestou interesse em manter as Comissões como fórum de democratização da instituição. Também achamos importante mantê-las. Tais comissões, no entanto, só tem sentido se lhes for garantida total transparência e se todas as questões que envolvem os servidores forem efetivamente discutidas ali. Fatos como os citados acima comprometem gravemente a iniciativa e tiram o TRT do rumo da democracia.