Aumenta adesão à greve dos servidores federais em SC

Por Marcela Cornelli

Diversos órgãos do serviço público federal em Santa Catarina entraram ontem em greve por tempo indeterminado. Somadas à Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni) e Previdência Social, que já haviam deflagrado a paralisação, as categorias querem fortalecer uma pauta única de reivindicação. Os servidores federais repudiam a proposta apresentada pelo governo – de aumento diferenciado de 9,5% a 32,27% – pois este seria sobre a gratificação e não sobre os salários. De imediato, os trabalhadores pedem a reposição de 50,19% nos salários.

Ontem, oito categorias ligadas ao Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal em Santa Catarina (Sintrafesc) aderiam à greve proposta pelo comando nacional. Apesar da Delegacia Regional do Trabalho (DRT) integrar a base do Sintrafesc, os servidores estão realizando uma paralisação de 48 horas e fazem assembléia hoje à tarde para definir a continuidade, ou não, do movimento.

Ontem pela manhã, na DRT em Florianópolis, a adesão à paralisação era total e nenhum serviço estava sendo oferecido. Além da pauta base, os trabalhadores também querem a realização de concurso público, já que há 10 anos não há contratações.

Segundo o presidente do Sintrafesc, Lírio José Téo, os servidores reivindicam a recomposição das perdas para a inflação, que chega a 127,30% (acumulado desde 1995); reposição imediata de 50,19%; diretrizes de planos de carreira; cumprimento dos acordos de greve e incorporação das gratificações de produtividade; além de direitos iguais para servidores ativos, aposentados e pensionistas. Os trabalhadores rejeitam a proposta em forma de gratificação, pois argumentam que esta gera insegurança, uma vez que pode ser cortada a qualquer momento e não é incorporada à aposentadoria.

Professores
Com reivindicações semelhantes, a Associação dos Professores da UFSC (Apufsc) aprovou indicativo de paralisação de dois dias. O presidente da Apufsc, Paulo Rizzo, explica que uma assembléia está marcada para o próximo dia 20, quando os professores vão avaliar os resultados de mais uma rodada de negociação com o governo. Já os servidores da Universidade, reunidos em assembléia na tarde de ontem, votaram indicativo de greve para o próximo dia 17. Mas antes, a proposta do Sindicato dos Trabalhadores da UFSC (Sintufsc) será avaliada na plenária da Federação Nacional dos Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra) nos dias 15 e 16 de maio, em Brasília.

Os servidores da Justiça também realizaram assembléia ontem à tarde para deliberar sobre a greve. A coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores da Justiça do Trabalho em SC (Sintrajusc), Lúcia Haygert, diz que os trabalhadores presentes resolveram adiar a decisão para a próxima sexta-feira, as 13 horas, em frente ao Tribunal Regional do Trabalho. De acordo com Lúcia, os representantes do interior não puderam estar presentes ontem e, por isso, optou-se para deixar a definição para outra data, quando se terá o posicionamento de todas as regionais.

Previdência paralisada
Já o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e Previdência do Serviço Público Federal em Santa Catarina (Sindprevs) deflagrou a greve no dia 26 de abril. Atualmente, os postos da Previdência Social estão parados em 15 municípios do Estado, sendo que ontem foi confirmada a adesão de Laguna, Imbituba (com adesão de 95%) e Tubarão (50%). Na Capital, dois postos – Continente e Esteves Júnior – têm adesão de 60% dos servidores, sendo que aqueles que continuam trabalhando atendem em horário especial, das 8h30 as 11h30. Uma nova assembléia está marcada para esta quinta-feira. De acordo com a assessora de imprensa do Sindicato, Rosângela Bion de Assis, a categoria decidiu pela greve antes das demais categorias devido ao descumprimento, por parte do governo federal, do acordo que pôs fim à greve de 2003, que previa a implementação de um plano de carreira para os servidores da Previdência e da Saúde.

A Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni) também deflagrou a greve antes e hoje completa 51 dias de paralisação. O governo federal elaborou uma proposta que foi encaminhada para o Congresso Nacional na forma de projeto de lei. Mas a categoria reivindica que a proposta seja encaminhada por medida provisória, já que não há garantias de aprovação rápida de um projeto de lei. De acordo com o delegado em Santa Catarina da Anauni, Caio Alexandre Wolff, a proposta do governo atende parcialmente as reivindicações da categoria, como reajuste de 30% da gratificação como atendimento emergencial à questão salarial. Já pontos como a estruturação de uma carreira de apoio, paridade entre ativos e inativos, e autonomia administrativa e financeira continuam em negociação.

Fonte: Jornal A Notícia