A moção pela redução da jornada de trabalho no Brasil apresentada pela delegação de Santa Catarina no 12º Congresso Nacional da Fenajufe (Congrejufe), que vai até este 1º de Maio, Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, em Foz do Iguaçu (PR), foi aprovada em plenário e, portanto, os delegados e delegadas reunidos no congresso apoiam a Proposta de Emenda à Constituição 8/2025, que propõe a redução da jornada de trabalho para quatro dias por semana no Brasil.
Veja a moção:
Em 1884, quando os abolicionistas tentavam acabar com a escravidão, os “senhores de escravos” gritavam que isso iria destruir com a economia do país, que ocorreria fuga de capitais, que os escravizados não teriam mais trabalho.
Em 1917, quando os trabalhadores anarquistas e socialistas fizeram uma grande greve na capital do país (RJ) pelo direito ao descanso semanal, os grandes jornais da cidade reclamavam que iria quebrar a economia do comércio da cidade, que as pessoas iriam ficar sem restaurante para comer.
Em 1943, quando estava sendo publicada a CLT por Vargas por pressão dos sindicatos, os grandes empresários denunciavam que o Brasil iria quebrar, que iria faltar emprego etc e tal.
Em 1988, quando foi promulgada a atual Constituição Federal de 1988, o então presidente José Sarney comentou que o excesso de direitos nela iria fazer com que o país ficasse ingovernável.
Em 2025, assistimos uma nova gritaria, agora diante de uma Proposta de Emenda Constitucional contra a jornada 6×1, que propõe a redução de jornada de trabalho semanal para 36 horas e a redução dos dias de trabalho por semana para quatro (jornada 4×3). Novamente aparecem os mesmos velhos e tradicionais argumentos da classe dominante: economia vai quebrar, não vai ter emprego, o mundo vai acabar.
Esses críticos da atual PEC do fim da jornada 6×1, se pudessem, retornariam à escravidão, restaurando a famigerada jornada 7×0, que os escravizados bem conheciam.
Aguardamos o dia em que os trabalhadores conquistarão a inversão dessa ordem dos números. Em vez de 6×1, lutarão por 1×6, colhendo os frutos das revoluções tecnológicas das quais participaram.
Aguardamos o dia em que os trabalhadores conquistarão uma vida realmente digna com mais tempo para viver e descansar do que para morrer de trabalhar.
Aguardamos o dia em que os trabalhadores conquistarão a possibilidade de tempo para viajar e fazer poesia, tempo que hoje lhes é roubado nas horas extras, banco de horas, uberizações, pejotizações e precariedades afins.
Enquanto não chegamos nesse dia, seguimos lutando pela redução da jornada laboral de todos e cada um dos trabalhadores, sejam eles servidores públicos ou da iniciativa privada, pois, sem tempo de vida fora do trabalho, não é possível falar em vida ou trabalho digno.
E a ausência de vida digna no trabalho é um dos pontos que nos conecta com nosso passado escravista, infelizmente; passado que nos assombra a cada crítica hoje levantada contra as propostas de redução da jornada de trabalho.
Portanto, os delegados reunidos no 12º CONGREJUFE apoiam a Proposta de Emenda à Constituição 8/2025, que propõe a redução da jornada de trabalho para quatro dias por semana no Brasil.
