Plebiscito e Grito dos Excluídos intensificam debates sobre a Alca

Por Marcela Cornelli

Imunizar o país contra a Alca. Este é o objetivo da Campanha “Vacine-se contra a Alca”, abaixo-assinado que reivindica ao governo a realização de um plebiscito oficial sobre o projeto. A expectativa é que as assinaturas ultrapassem os 10 milhões de votos obtidos no plebiscito não-oficial promovido no ano passado. O documento deverá ser entregue em Brasília, dia 16 de setembro, após a plenária nacional da Campanha Nacional contra a Alca.

Segundo as entidades organizadoras, a é chamar a atenção da população para os prejuízos relativos ao comércio e à soberania nacional, caso o Brasil continue negociando a Alca com os Estados Unidos. Além das assinaturas, os movimentos reivindicam também uma auditoria pública sobre a dívida externa brasileira. A Campanha deve ganhar fôlego com as ações mundiais contra as negociações da OMC [Organização Mundial do Comércio], que ocorrem paralelamente à 5ª Reunião Ministerial da OMC, em Cancún, de 10 a 14 de setembro.

A campanha “Vacine-se contra a Alca” faz parte das atividades da nona edição do Grito dos Excluídos, este ano com o lema “Tirem as mãos, o Brasil é nosso Chão”. O Grito é organizado todos os anos durante a comemoração da Semana da Pátria, desde 95, pela CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil], em conjunto com a Campanha Jubileu Sul.

A previsão é que as atividades do Grito atinjam 2,5 mil localidades em todo o país. Diversas manifestações e passeatas estão previstas para a semana da Pátria, dentre elas a tradicional marcha de trabalhadores até Aparecida do Norte, no feriado do dia 7. Na capital paulista, as mobilizações serão no Museu do Ipiranga.

Segundo o padre Luiz Bassegio, da Secretaria do Grito dos Excluídos Continental, o tema do Grito deste ano aponta para as necessidades de mudanças nos rumos da política econômica. O evento ocorrerá no dia 12 de outubro em 22 países das Américas, entre eles Brasil, Argentina, Estados Unidos e México. Este ano, o Grito Continental conta com a adesão de vários países da América Central, entre eles Costa Rica, Honduras e Panamá. “É preciso ter consciência de que continuando os mesmos passos dos governos anteriores, o resultado será a perda total da nossa soberania e independência”, disse.

O Grito acontece nas 27 unidades da federação e inspirou a realização do Grito Continental, que está no 5º ano consecutivo. A manifestação também apóia e impulsiona a Campanha Continental contra a Alca, a Dívida e a Militarização em diversos países das Américas.

A Campanha “Vacine-se contra a Alca” e o Grito contam com apoio da CNBB, MST, CUT, Pastoral da Juventude do Brasil [PJB], Movimento dos Atingidos por Barragens [MAB], Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação [CNTE] e Campanha Jubileu.

No ano de 2000, mais de seis milhões de pessoas votaram no Plebiscito da Dívida Externa. Em setembro de 2002, no Plebiscito sobre a Alca, o número de votantes subiu para mais de dez milhões de pessoas. As duas consultas representaram mobilizações da sociedade civil diante do acordo, em que participaram igrejas, movimentos sociais, organizações não-governamentais, partidos, associações e entidades em geral.

Fontes: Agência Carta Maior e FENAJUFE