Governo mantém proposta para dividir movimento unificado

Por Marcela Cornelli

Na reunião do último dia 20/4 (terça) da Mesa Nacional de Negociação Permanente, os representantes do governo não trouxeram nada de novo e se limitaram apenas a ouvir os servidores federais. A bancada governista reforçou a proposta de valorização das gratificações de desempenho e afirmou que essa política já foi consensuada dentro do alto escalão do governo, passando pelo Ministério do Planejamento e pela própria Presidência da República. Portanto, até o momento não há qualquer intenção de voltar atrás no que foi apresentando na última reunião do dia 6 de abril, conforme explicaram claramente os governistas. O secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, cobrou, ainda, um posicionamento da Cnesf em relação à proposta.

A Coordenação, que teve como interlocutores os representantes da Fenajufe, Fenasps e Fasubra, apresentou a posição definida na Plenária Nacional do dia 18, de rejeitar, definitivamente, a proposta de reajuste por meio das gratificações de desempenho para algumas categorias, que exclui setores do funcionalismo e ainda quebra a paridade entre ativos e aposentados.

De acordo com o diretor da Fenajufe presente à reunião, Adilson Rodrigues, a Cnesf reafirmou os principais pontos da pauta de reivindicações, entregue há mais de um ano, antes mesmo do presidente Lula tomar posse. Os eixos: definição de uma política salarial para o funcionalismo público federal, cumprimento dos acordos de greve, incorporação das gratificações, correção das distorções e definição da data-base para o mês de maio de cada ano, foram reafirmados na reunião como pontos que o funcionalismo não abre mão de exigir o atendimento por parte do governo.

Em seguida, a Coordenação informou à bancada governista a deflagração da greve nacional unificada, marcada para o dia 10 de maio. Os sindicalistas ressaltaram a disposição de todas as categorias em construírem o movimento paredista e ainda informou que algumas categorias já estão em processo grevista, como a base da Fenasps, que teve início no dia 20, e os fiscais da Receita Federal, reunidos na Unafisco, que fazem paralisações de quatro dias todas as semanas.

Governo aposta na desmobilização contra a greve
Em resposta à cobrança dos servidores, Sérgio Mendonça disse que o governo tem a intenção de manter a interlocução na Mesa Nacional de Negociação Permanente, independente da greve dos servidores federais. Segundo o secretário, ele já tinha conhecimento da greve do funcionalismo público e o governo vai fazer de tudo para evitar a greve nacional. Para isso, a principal estratégia apontada é divulgar amplamente à sociedade a proposta apresentada, com forte campanha de mídia nacionalmente. A intenção, clara, é colocar a sociedade contra os servidores públicos federais e, a partir daí, retirar todo o apoio para a construção do movimento grevista.

Sobre nova data de reunião da Mesa, Sérgio Mendonça afirmou que iria conversar com outros setores do governo e discutir uma proposta de calendário, levando em consideração a posição apresentada pela bancada sindical. Ele sugeriu que a Cnesf também avaliasse uma data para a próxima reunião e desse retorno aos interlocutores do governo.

Fenajufe reforça posição contra reajuste zero
A Fenajufe, que também esteve representada pela diretora Madalena Nunes, reafirmou a posição da categoria contrária à proposta de reajuste das gratificações de desempenho e ainda à exclusão do Judiciário e do MPU. Também criticou a quebra da paridade entre servidores aposentados e ativos. A Fenajufe argumentou que a política do governo desrespeita a decisão do STF, pela Adin 2061/99, que garante reajuste anual linear para todos os servidores federais.

O Diretor Adilson Rodrigues reforçou a necessidade de o governo reavaliar sua posição, em favor do reajuste linear para todo o funcionalismo, que atingisse também os servidores aposentados. O diretor afirmou que a Fenajufe e toda a categoria não vão aceitar a campanha de que o Judiciário e o MPU são setores privilegiados que tiveram maiores reajustes, colocando-os à margem do movimento unificado.

“O governo insiste na política de dividir o movimento unificado, com uma proposta nociva e excludente. A Mesa mostra um esgotamento e por isso torna-se fundamental a construção de uma forte mobilização nos SPF’s”, reforça Adilson. Para ele, o próprio governo empurra os servidores para a greve. “Nesse momento, é fundamental um movimento nacional forte para que possamos conseguir mudanças na estrutura econômica que garanta uma política que valorize o servidor público e recomponha as perdas acumuladas nos últimos anos”, afirmou.

Para reforçar a capacidade de mobilização, Adilson lembra que outros segmentos do serviço público que estão em processo de greve há mais tempo, já obtiveram propostas mais avançadas do que o apresentado ao conjunto do funcionalismo. Dentre os setores, estão os militares, cujo reajuste poderá variar de 10 a 30%, e os Policiais Federais, com proposta de aumento em torno de 17%. “Por isso, os servidores devem se mobilizar para conseguir alterar a lógica desse governo. A única saída é a greve”, finalizou o diretor da Fenajufe.

Fonte: Fenajufe