Globalização aumenta desigualdade, diz ONU

Por Marcela Cornelli

A globalização aumentou a diferença entre países ricos e pobres no mundo, aponta estudo da ONU (Organização das Nações Unidas), divulgado nesta semana, após dois anos de pesquisas.

O levantamento “A Fair Globalization” (“Uma Globalização Justa”) foi realizado em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e conduzido por 26 pessoas, incluindo políticos, economistas, representantes de empresas, sindicatos e da sociedade civil, além de acadêmicos.

O relatório diz que a pobreza (quem vive com US$ 1 ou menos por dia) cresceu em praticamente todo o mundo, notoriamente na América Latina, na Europa Oriental e na África.
O documento ressalta que o funcionamento da economia mundial esconde desequilíbrios persistentes. “Existe uma inquietação crescente acerca do rumo que está tomando a globalização. Suas vantagens estão fora do alcance de muitos, enquanto os riscos de sua aplicação são reais. A corrupção aumentou. O terrorismo mundial ameaça as sociedades abertas. O futuro dos mercados está cada vez mais incerto. A governança global está em crise.”

Entre os números apresentados estão os seguintes: 185 milhões de pessoas estão desempregadas no planeta (6,2% da força de trabalho), um recorde; a diferença entre países ricos e pobres aumentou desde o começo dos anos 90, com um grupo minoritário de nações (que representa 14% da população mundial) dominando metade do comércio mundial.

No começo dos anos 60, a renda per
capita nas nações mais pobres era de US$ 212, enquanto nos países mais ricos era de US$ 11.417; em 2002, essas cifras passaram a US$ 267 (+26%) e US$ 32.339 (+183,3%), respectivamente.

“Vista pelos olhos da vasta maioria dos homens e mulheres, a globalização não atendeu às suas simples aspirações por empregos decentes e um futuro melhor para seus filhos”, diz o relatório.

A comissão que preparou o relatório propõe uma série de medidas para melhorar a governança, tornar mais justo o comércio internacional, promover normas fundamentais de trabalho e um nível mínimo de proteção ao trabalhador. Para que as ações saíam do papel, conclama a participação de organismos internacionais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.

No relatório, outras críticas são contempladas: 1) o comércio mundial deve reduzir as barreiras que impedem o acesso de produtos competitivos oriundos de países em desenvolvimento; 2) os Investimentos Diretos Estrangeiros precisam de nova regulamentação, para que se destinem ao setor produtivo; 3) o sistema financeiro internacional deveria prestar um apoio mais decisivo ao crescimento global sustentado.

Fonte: Folha de São Paulo