Federais vão lançar campanha salarial com atos nos estados e marcha a Brasília

Funcionalismo lançará já a campanha de olho na Copa e nas eleições; se governo não ceder, indicativo é de greve unificada para abril; Judiciário e MPU participam

Por Hélcio Duarte Filho

Os servidores públicos federais correm contra o tempo na preparação da campanha salarial nacional de 2014, ano de Copa do Mundo e de eleições presidenciais – dois acontecimentos que 'encurtam' o calendário legislativo e político de Brasília. O lançamento nos estados está marcado para 22 de janeiro. As manifestações nos estados vão preceder o lançamento nacional da campanha, previsto para 5 de fevereiro, quando acontecerá a primeira marcha unificada da categoria a Brasília do ano. Sindicatos e a federação nacional (Fenajufe) dos trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU participam da organização da campanha.

Representantes sindicais da categoria querem reeditar, com mais força, a mobilização unificada de 2012, quando o funcionalismo fez a sua mais forte greve pelo menos desde que o governo federal passou para as mãos do PT, em 2003. Os trabalhadores devem enfrentar forte resistência do governo em conceder quaisquer coisas ao setor.  A intenção do governo de Dilma Rousseff de não permitir reajustes salariais ficou nítida na votação da proposta orçamentária da União para 2014, na qual não há previsão de reposições salariais.

Enquanto isso, o mesmo orçamento, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, o mesmo Orçamento que congela salários prevê cerca de R$ 1 trilhão, 42% do total, para pagamento de juros e amortizações das dívidas públicas – a quantia corresponde a dez vezes o valor previsto para a saúde ou a 192 vezes o direcionado à reforma agrária. Supera, ainda de acordo com a Auditoria Cidadã, em quatro vezes as despesas previstas com todos os servidores públicos federais do país.

‘Junho não terminou’

As reuniões para organizar o lançamento da campanha já estão acontecendo nos estados. Os dirigentes sindicais sabem da dificuldade do período – tradicionalmente com grande contingente de trabalhadores de férias no setor público e de esvaziamento das instâncias políticas do país –, mas querem superar as dificuldades e dar a largada o quanto antes na campanha, que já tem previsão de greve por tempo indeterminado para abril. Congressos de alguns setores do funcionalismo aprovaram o indicativo de greve para antes disso: é o caso dos técnico-administrativos das universidades federais, reunidos na Fasubra, e dos trabalhadores da administração direta e de autarquias, que se organizam na Condsef, que indicaram o início da paralisação para março.

A pressa tem justificativa. Os servidores sabem que o ano será curto por conta da Copa do Mundo e das eleições. Além disso, não alimentam ilusões de que o governo sentará para negociar de fato sem uma forte pressão por parte do funcionalismo. Foi assim em 2012, quando as negociações só avançaram, mesmo que timidamente, após mais de 30 segmentos cruzarem os braços. Em 2013, por outro lado, sem greve e sem grandes mobilizações, o Ministério do Planejamento não respondeu à pauta de reivindicações geral e nem sequer abriu as negociações formalmente.

Para Madalena Nunes, dirigente da Fenajufe e do sindicato do Piauí (Sintrajufe-PI), as grandes manifestações de junho do ano passado vão se refletir nas de 2014. “Com a Copa e as eleições, já se desenha para 2014 grandes mobilizações, junho não terminou”, afirma. Na avaliação da servidora Ana Luiza Figueiredo Gomes, ex-dirigente da federação, é possível construir um ano com mobilizações ainda superiores as jornadas gerais de 2013 e à greve de 2012. Ela destaca que o funcionalismo cumpre um importante papel neste sentido – desde que atue de forma unificada. “Temos uma mesma plataforma de reivindicações, vamos com a pauta geral, [sem deixar] de defender as questões específicas”, propõe.