Entidades começam a preparar FSM de 2009 em Belém

Retomando as características que deram início ao movimento dos Fóruns, o Fórum Social Mundial (FSM) de 2009 voltará a ser centralizado. Desta vez não será a capital gaúcha, Porto Alegre – primeira cidade a realizar um fórum mundial – a sediar o encontro, mas sim uma capital do Norte, a cidade de Belém, no Pará. Para iniciar os preparativos para o encontro que tende a reunir milhares de pessoas – o último FSM centralizado reuniu mais de 100 mil participantes – entidades e movimentos sociais se reunirão dias 9 e 10 de agosto no Centro Integrado do Governo (CIG) na capital do Pará.
“O encontro será de extrema importância para os movimentos sociais. Na pauta os protestos globais previstos para janeiro de 2008 e a agenda de mobilizações para o FSM de 2009, que passa pelos fóruns do Mercosul e também Brasileiro”, disse Rubens Diniz, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).
A defesa da Amazônia, a luta pela paz e contra a guerra imperialista, a discussão da militarização da América Latina, das energias renováveis e a questão do desenvolvimento devem ser os temas que ganharão mais força no FSM de 2009.
“A questão do meio ambiente deve aparecer com força no próximo FSM, o que vai colocar para grandes entidades dos movimentos sociais uma responsabilidade diferente com este tema. Penso que todas as entidades que possuem um trabalho ativo na região norte do país são imprescindíveis neste encontro dos dias 9 e 10, nele daremos o pontapé para o primeiro fórum centralizado no País que não acontece em Porto Alegre”, disse Rubens que também atua na Aliança Social Continental.
 
Fórum Nordestino
 
Foi no Fórum Social Nordestino (FSN), realizado de 2 a 5 de agosto em Salvador (BA), que articulou-se o encontro de Belém. O FSN, que pautou desenvolvimento, foi muito positivo, segundo Rubens.  
“Apesar de o encontro ter reunido entre 1.500 a 2 mil participantes ele foi extremamente produtivo. O desenvolvimento da região nordeste é fundamental para que o país cresça de forma menos desigual. Como falar em integração da América Latina, um tema bastante comum hoje em dia em diversos espaços, sem falar em desenvolvimento nas regiões mais atrasadas do nosso próprio país?”, pergunta Rubens.
Inserido no cenário das discussões sobre desenvolvimento uma pauta ganhou espaço no FSN, trata-se da polêmica questão da transposição do Rio São Francisco.
“É uma pauta muito justa e é natural que um fórum no nordeste acabasse abarcando essa polêmica que atinge parte importante dos estados nordestinos. Muitos movimentos atuaram para barrar as obras, outros se manifestaram a favor, os estados da Bahia e do Ceará acabaram por simbolizar esses lados opostos. Eu sou favorável, mas penso que o diálogo desta polêmica deve continuar uma vez que ainda não há consenso nos movimentos sobre este tema”, agregou Rubens.
 
Integração
 
O tema da integração esteve lado a lado ao tema do desenvolvimento no Fórum Nordestino. A mesa “A integração Latino-Americana na estratégia da luta antiimperialista” contou com a participação de quase 100 pessoas e tornou-se uma das principais atividades do FSN.
Promovido pelo Cebrapaz, o debate teve a participação do deputado estadual Javier Alfaia (PCdoB), de Antonio Barreto, Coordenador do Cebrapaz da Bahia, e Rubens.
O objetivo do Cebrapaz foi refletir sobre a importância de um bloco regional como contra-ponto a hegemonia econômica norte-americana hoje no mundo.      
“Imagine se consolidarmos no sul do continente americano o Banco do Sul? Não precisaríamos mais recorrer em hipótese alguma ao Fundo Monetário Internacional. E se tivéssemos uma moeda em comum? O que isso poderia fazer para superarmos as desigualdades regionais?”, argumenta Rubens.
Para ele as inúmeras iniciativas que vem sendo adotadas pelos países são importantes sinais de que a integração é possível. E destaca o Mercosul, a União das Nações Sul Americanas e a Alternativa Bolivariana para as Américas como processos que se somam e não se excluem no caminho da integração.
“Outro elemento é o Parlamento do Sul (Parlasul) que vai realizar as suas primeiras eleições em 2010. Os movimentos podem interferir neste parlamento como nunca antes puderam, já que ainda não está definido quem poderá se candidatar a representar os países neste parlamento. Esta é mais uma das iniciativas que colocam a integração como possível e viável no continente”, alerta Rubens.
 
Agenda
 
Além da articulação da reunião em Belém para o FSM de 2009, o FSN também foi um espaço que buscou identificar agendas em comum entre os movimentos.
A primeira passa pela valorização do Comitê Organizador do Fórum Social Brasileiro (COB) na construção dos Fóruns do Mercosul – previsto para janeiro de 2008 e do próprio FSM de 2009.
“Há ainda o desafio de realizarmos o Fórum Social Brasileiro antes do FSM de 2009. Por isso, estamos discutindo o sentido de cada fórum e o seu papel. Mas temos claro que a realização de Fórum Brasileiro antes de FSM de 2009 em muito contribuiria para realizarmos grandes mobilizações em janeiro de 2008 e para o FSM de Belém”, argumenta Rubens.
Até lá a orientação é para que em todas as cidades brasileiras que já foram sede de fóruns construam agendas de mobilização e discussão sobre a agenda já prevista. O COB sugere atividades diversificadas, que podem ser debates, panfletagens, manifestações de rua, atividades culturais, etc.
 
Confira abaixo a agenda já confirmada:
 
Agosto 2007
9 e 10 – Primeira reunião dos movimentos no Brasil sobre o FSM 2009. Local CIG das 9 ás 17h em Belém/PA.
Nesta reunião deverá ser aprovado em calendário mínimo de encontros que darão continuidade a agenda de construção do FSM 2009.
 
Novembro de 2007
Cumbre Ibero Americana de Chefes de Estado no Chile.
 
Janeiro de 2008
26 a 29 – Fórum Social do Mercosul em Curitiba, Paraná.
28 – Manifestação global.
 
Abril de 2008
Assembléia do Conselho Mundial da Paz – Venezuela
 
Janeiro de 2009
Fórum Social Mundial em Belém, Pará.
 
2010
Eleições do Parlasul
 
Fonte: Vermelho (Carla Santos)