Alca: protestos em Miami terão 35 mil

Por Marcela Cornelli

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) enviou dois dirigentes a Miami, EUA, para acompanhar a 8ª reunião ministerial sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas): Gonzalo Berron e Jocelio Drummond representarão a maior central sindical brasileira.

Na segunda-feira, 17 de novembro, a coordenação da Campanha Continental contra a Alca promoveu uma reunião em Miami para realizar os últimos ajustes da participação das diferentes campanhas e articulações estadunidenses e latino-americanas nas ações conjuntas durante o evento. Espera-se mais de 35 mil manifestantes na mobilização durante o encontro. Por conta disso, a Polícia de Miami colocará nas ruas mais de 2 mil policiais, e a organização do evento já contratou mais de 40 empresas de segurança para prestar assistência direta aos cerca de mil participantes da reunião.

Pacíficos mas contundentes

Os protestos em Miami prometem ser pacíficos mas contundentes. A programação possui o seguinte esboço: 19 de novembro acontece um carnaval popular; 20 de novembro, uma marcha pacífica e entrega simbólica de milhares de folhas assinadas por cidadãos aos ministros de comércio.

Além disso, do dia 17 ao 21 de novembro, serão realizadas oficinas, fóruns e eventos educativos discutindo, entre outros temas, as alternativas a globalização neoliberal, a globalização no mundo africano e a outra face da Alca.

Os protestos no Brasil

No Brasil, as mobilizações serão no dia 21 de novembro. Cada Estado contará com programação própria sob o lema unificado “por um plebiscito oficial sobre a Alca e contra o acordo com o FMI”. As primeiras atividades confirmadas são: em Brasília, a manifestação da marcha dos sem terra, na embaixada dos EUA; em São Paulo, uma manifestação no Banco Central; no Rio de Janeiro, um apitaço em frente ao consulado estadunidense; em Porto Alegre, a “Marcha dos Sem” pelas ruas centrais da cidade; e no Paraná, um debate sobre militarização e Alca.

A reunião de ministros de comércio exterior planeja não repetir o último encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC), em setembro em Cancun (México), de resultados inócuos por causa da intolerância dos países desenvolvidos em relação às reivindicações dos países em desenvolvimento. Brasil e Estados Unidos co-presidem essa fase da Alca, que, pelo cronograma, deve conduzir à formalização do bloco em 2005.

Tendo ou não resultado prático, a reunião conviverá com uma onda de manifestações ainda maior do que ocorreu em Cancun. Desta vez, as manifestações de repúdio à Alca não se limitarão apenas à cidade-sede do evento, mas vão acontecer em todo o continente, a fim de pressionar os governos dos distintos países americanos.

Em todo o continente, os movimentos populares colocam-se em alerta contra as negociações da Alca. Em muitos países estão em curso consultas populares cujos resultados são rechaços quase unânimes à assinatura do acordo. Também estão sendo promovidos encontros com parlamentares para expor aos governos a opinião dos movimentos sociais e do povo sobre a questão, além da divulgação de informes educativos sobre o impacto da validação do tratado para a população.

Por exemplo, a cada ano, 14 milhões de latino-americanos morrem em conseqüência de enfermidades infecciosas, muitas das quais poderiam ser evitadas se as pessoas mais pobres tivessem acesso a medicamentos mais baratos. Os acordos que estão em negociação dentro das propostas da Alca pretendem que os países adotem uma legislação sobre patentes mais restritiva e estrita que a aprovada recentemente pela OMC. O resultado será o aumento do preço dos remédios que assim ficarão mais longe do alcance dos pobres.

Vários países estão convocando como o Brasil manifestações simultâneas com as de Miami. Estão programadas jornadas, marchas e atividades educativas em repúdio a esta espécie de integração econômica. O Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), de 1994, que aparentemente suspendeu as barreiras entre os mercados dos Estados Unidos, Canadá e México, tem mostrado visíveis desvantagens para o último país, o mais pobre da lista.

Fonte: Portal Vermelho, com informações
da Agência CUT e Adital