Acordo da Cúpula das Américas omite janeiro de 2005 como data final para negociações sobre a Alca

Por Janice Miranda

Fontes diplomáticas e analistas afirmaram ontem que o difícil consenso sobre a redação do documento final da Cúpula Extraordinária das Américas, que terminou ontem em Monterrey, culminou com o triunfo da corrente liderada pelo Brasil e com a renúncia dos Estados Unidos aos dois pedidos feitos com insistência durante os dois dias de encontro.

Autoridades próximas às negociações da cúpula já confirmavam na tarde de ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu impor sua posição de que a Declaração de Nuevo León omitisse a data de janeiro de 2005 como objetivo para o fim das negociações sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). O documento centrou-se em questões como o desenvolvimento social, a geração de emprego e a redução da pobreza na região.

A delegação de George Bush, que além da defesa do prazo para a discussão do bloco econômico também defendia a inclusão de um capítulo anunciando fortes sanções contra países corruptos no hemisfério ocidental, viu uma ‘América Latina alinhada atrás de Brasília numa firme oposição à proposta’, segundo a agência de notícias DPA.

Num editorial publicado na semana passada, o jornal americano The New York Times já afirmava que acabaram os tempos de ‘docilidade’ da América Latina às demandas de Washington.

O documento que conclui as negociações elogia o progresso das conversações sobre a Alca na reunião ministerial de Miami, em novembro do ano passado, e reitera o compromisso de continuar o processo de integração. Apesar de não citar a data para o fim das conversações, o texto afirma que os países apóiam ‘o acordo entre os ministros sobre um calendário adotado para concluir as negociações para a Alca’. Em Miami, a data de janeiro de 2005 foi estabelecida pelos representantes dos países envolvidos .

A proposta dos Estados Unidos de proibir a participação de governos corruptos nos encontros regionais foi amplamente questionada. Os críticos da medida dizem que não está muito claro como os países seriam julgados e alguns temem que Washington use a política como uma estratégia para isolar seus rivais no hemisfério.

Fonte: Jornal do Brasil